O Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savis) do Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR) foi alvo nesta segunda-feira, 7, de uma vistoria do promotor Konrad Cesar Resende Wimmer. A agenda buscou avaliar o funcionamento, aprofundar o conhecimento sobre a estrutura, os fluxos de atendimento e os principais desafios da área. Informações acerca da aplicação da Política Nacional do Savis foram coletadas, dos protocolos aos recursos disponíveis.

CONSOLIDAR UM DIAGNÓSTICO
Konrad Wimmer ressaltou que o objetivo principal, neste momento, é consolidar um diagnóstico preciso da situação. “A ideia é identificar claramente as necessidades e as dificuldades para, a partir daí, montarmos estratégias e ajudarmos na busca por soluções para esses desafios”, afirmou o promotor.
DESAFIOS
Durante o encontro, a dificuldade em acomodar adequadamente as vítimas de violência sexual foi abordada, bem como a complexidade em conciliar os protocolos de humanização da maternidade com as necessidades específicas, e, por vezes, traumáticas, das sobreviventes de violência.
MESMA ESTRUTURA PARA PÚBLICOS DISTINTOS
Um ponto crítico levantado foi a abrangência do Savis no Dona Regina. Segundo a equipe, diferentemente do previsto na política nacional, que sugere serviços especializados por público — mulher, criança, idoso, homem, interrupção de gravidez –, o Savis local tenta abarcar todas essas demandas sob a mesma estrutura. Essa amplitude excessiva gera sobrecarga e dificulta a especialização do atendimento. A situação é agravada por falhas na rede de saúde, que levam a encaminhamentos inadequados para o Savis, incluindo casos de violência física — não sexual — e, em situações alarmantes, até mesmo supostos autores de violência sendo direcionados ao mesmo espaço das vítimas.
ALTA DEMANDA
Dados apresentados indicam a alta pressão sobre o Savis do Dona Regina, que recebe cerca de 660 novos pacientes por ano. O protocolo nacional preconiza um mínimo de cinco atendimentos de acompanhamento – médico, psicológico, social – para cada paciente nos seis meses seguintes ao primeiro acolhimento. Isso representaria uma necessidade de, pelo menos, 3.300 atendimentos de seguimento anuais apenas para os novos casos. Em 2024 foram agendados 1.920 atendimentos ambulatoriais, número que, embora expressivo, sinaliza a dificuldade em cumprir integralmente o acompanhamento protocolar diante da demanda e dos desafios estruturais.