Em cerimônia festiva de dez dias, cinco meninos indígenas Javaé, com mais de 14 anos, se tornaram adultos na aldeia Txuri, em Formoso do Araguaia, Ilha do Bananal. Com vestimentas de palha de palmeira que cobriam rosto e corpo, adereços coloridos com penas na cabeça, os guerreiros Javaés entoavam cânticos, em meio às chuvas, enquanto rodeavam a Hèrèrawo, a “casa pequena”, onde estavam os adolescentes em passagem para vida adulta.
A Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) esteve presente na cerimônia, para prestigiar o rito de passagem dos adolescentes da aldeia Txuri, do povo Javaé. A Sepot adota a divulgação e valorização dos costumes e tradições da população indígena como estratégia para preservar os patrimônios imateriais. Essa abordagem envolve a participação ativa em festividades e celebrações, com o objetivo de produzir materiais, de forma a documentar a vida dos povos originários do Tocantins.
A secretária da Sepot, Narubia Werreria, afirmou que é um momento de alegria poder participar desse ritual que, para ela, é único. “Agradeço a toda a aldeia Txuri por ter nos recebido e nos acolhido aqui nesta festa tradicional que é muito importante para a nossa cultura Iny. Estamos muito felizes pelo privilégio de poder estar aqui acompanhando o Hèrèrawo”, disse a gestora
Denominada Hèrèrawo, a festa é a iniciação de jovens Javaés (jyrès), organizada pela família dos meninos indígenas. A festa começou no dia 03 de janeiro e segue até o dia 10. Alexandre Javaé, liderança indígena, explica que assim como o Hetohoky, a “casa grande”, celebrada pelo povo Iny (Karajá, Karajá-Xambioá e Javaé), os meninos da aldeia Txuiri são conduzidos pelos guardiões (os aruanãs), onde participam de atividades na festa, incluindo brincadeiras e competições como lutas corporais.
Os meninos também recebem ensinamentos sobre sua cultura, costumes e valores, aprendendo disciplina e respeito em todos os dias da festa cultural. Ao final, tomam banho no rio, tiram as penas inseridas no corpo no ritual, cortam e recebem cuidados no cabelo. E por último, fazem pintura corporal, se transformando, agora, em verdadeiros adultos guerreiros, diante de toda a comunidade indígena.
Os anfitriões convidam familiares que moram em aldeias vizinhas para participar, pois é um momento muito importante para as famílias dos jyrès, sendo os pais dos futuros adultos os responsáveis pela organização da festa, estadia e alimentação das famílias convidadas durante todo o Hèrèrawo. Cláudio Javaé, chefe de cultura tradicional da aldeia, afirmou que seu povo festeja e faz a cerimônia da transição da fase criança para adulto dos meninos indígenas Javaés em respeito às tradições. “Os meninos possuem mais de 14 anos e aguardam na Hèrèrawo o momento de se tornarem adultos. É um momento importante”, disse. (Da assessoria de imprensa)