O Instituto de Desenvolvimento Territorial (IDT) do Centro-Norte divulgou o primeiro de uma série de boletins técnicos sobre a epidemia de Covid-19 no Estado. O instituto de estudos aplicados relacionados ao desenvolvimento da região foi criado em 2017 pelo Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), mas também conta com pesquisadores de instituições parceiras na equipe.
Permitir o alastramento da pandemia para atingir imunidade coletiva é desumano
A primeira publicação trouxe dados atualizados até o dia 1º de abril. O boletim apresentou uma estimativa da quantidade da população já exposta ao coronavírus durante esta pandemia. Conforme o modelo epidemiológico adotado pelo IDT, 23% dos tocantinenses já contraíram Covid-19, longe da chamada imunidade coletiva, quando 60% a 70% das pessoas já foram expostas. Diante deste cenário, os pesquisadores autores do estudo se colocaram contrários a uma tentativa de atingir tal patamar como forma de solucionar a crise. “Permitir que a pandemia se alastre até atingir a imunidade coletiva seria desumano e antiético, e implicaria em um número de mortes muito maior do que o já observado até hoje”, defendem.
Isolamento social e campanha de vacinação são as únicas armas existentes para o controle da pandemia
Na avaliação dos pesquisadores do IDT, a vacinação e o isolamento são “as únicas armas existentes atualmente para controle da pandemia”. “Reforçamos que em todas as localidades no mundo que adotaram um isolamento minimamente sério, a diminuição no número de casos e mortes foi significativo, consequência do fato óbvio de que quanto menor os contatos entre pessoas, menor será a transmissão do vírus”, anotam. No âmbito da imunização, o boletim destaca que vacinar apenas idosos acima dos 59 anos não é o suficiente para “efetivamente conter a pandemia” e cita estudo da Universidade de Aveiro que sugere a importância de imunizar indivíduos com um número de contatos maior que a média da população, como professores, condutores de transporte público, caixas de supermercado e de banco.
Recomendações
Os pesquisadores do instituto encerram o boletim com uma série de recomendações. Além da defesa de medidas de contenção de contatos sociais conforme as realidades locais, o IDT sugere que seja ponderada a inclusão de grupos que tem alto contato na lista de prioridades de vacinação, cobra do governo federal o monitoramento da situação dos imunizantes e a coordenação das campanhas de vacinação e recomenda extensas campanhas públicas de informação sobre os cuidados essenciais, entre outros.