O delegado Israel Andrade, responsável pelas investigações sobre o assassinato de Patrícia Aline Santos, 29 anos, disse que, depois que o corpo da vítima foi localizado, as investigações se concentraram no atual namorado dela, Iury Italu Mendanha, de 24 anos. “Fomos até a casa dele e ele já havia fugido, inclusive, para outro Estado. O pai dele nos mostrou uma mensagem que recebeu no WhatsApp, pela qual Iury se despedia e dizia que não iria mais trabalhar na loja junto ao pai, que precisava sair da cidade, mas que depois voltava. Quando o pai recebeu essa mensagem já não tinha contato com ele desde a noite anterior [quarta-feira, 8]”, contou.
O corpo de Patrícia, que foi localizado por volta das 11 horas, dessa quinta-feira, 9, na Quadra107 Norte, próximo a um shopping de Palmas e será sepultado neste sábado, 11, em Serrana (SP), onde a família dela mora. A vítima levou três tiros.
Armas e munições
Na casa do suspeito, ainda segundo o delegado, foram localizadas no quarto dele duas armas longas e munições calibre 32 para revólver. “Encontramos um coldre para revólver que possivelmente é do que ele matou a vítima. Tentamos ontem [quinta-feira, 9] de todas as formas prendê-lo, mas não conseguimos. No início da madrugada ele estabeleceu contato com a família e manifestou desejo de se entregar a polícia. Ele não se entregou até o momento e não há notícia dele. A família perdeu o contato com ele. A prisão preventiva já foi decretada pela Justiça. Ele já é considerado foragido e pode ser preso a qualquer momento”, disse.
De acordo com o delegado, as investigações estão no fim. “Cerca de sete pessoas já foram ouvidas, agora só falta a prisão dele”, disse.
Relacionamento conturbado
O delegado contou, que conversando com amigas da Patrícia, verificou que havia histórico de um relacionamento conturbado. “Eles se conheciam e namoravam a apenas dois meses. Ele já tinha batido nela, tinha feito várias ameaças e que se intensificaram na última semana quando ela terminou com ele e ele não aceitava o fim do relacionamento. Na semana passada ele pulou o muro da casa onde ela morava sozinha e a agrediu. Inclusive, ele estava armado com um revólver”, contou o delegado.
O delegado contou também que há várias mensagens nos celulares de amigas onde Patrícia pedia socorro. “Ela dizia que sabia que ia morrer. Que ele dizia que iria matá-la. Em uma dessas conversas, uma amiga a orientou procurar a polícia, mas ela disse que não e que não queria envolver a polícia por enquanto e que iria esperar para ver o que se dava”, relatou.
Áudio
Em áudio divulgado pelo G1 Tocantins Patrícia conta a uma amiga: “Eu não quero mais. Uma que nós estamos brigando muito e outra que ele quer ficar me xingando, amiga, de vagabunda. E ele já avançou em mim duas vezes. Uma ele bateu na minha cara e a outra ele jogou o celular nos meus braços. Não quero uma pessoa que fica com esse ciúme obsessivo, amiga, de cachorro, de academia. Não tô aguentando mais não. Aí eu fui, larguei, ele foi e perdeu a cabeça. Saiu do serviço, foi direto pra minha casa e pulou o muro. Aí eu não quis abrir a porta pra ele, e ele foi e falou que ia me matar. Eu fui, liguei pra minha amiga, pedi ajuda e ela foi lá me buscar. Ele pegou e falou que ia atrás de uma arma, ia voltar e ia me matar”
Crime
De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), a principal linha de investigação mantida pela DHPP é a ocorrência do crime de feminicídio, por meio do uso de arma de fogo.
Outro caso de feminicídio em Palmas
No dia 18 de dezembro de 2017, a professora Danielle Christina Lustosa Grohs, foi encontrada sem vida, em sua residência, na Quadra 1.104 Sul, em Palmas. Conforme laudo do Instituto Médico Legal (IML), a professora morreu de asfixia mecânica por esganadura.
Em entrevista ao CT, no dia 20 de dezembro, Simara Lustosa, mãe de Danielle, falou sobre o relacionamento “tumultuado” da vítima com o ex-marido, o médico Álvaro Ferreira da Silva. Emocionada, revelou que ele tinha o comportamento “extremamente agressivo” e de “psicopata”: “Danielle dizia que tinha medo dele”, afirmou.
O suspeito chegou a ser preso em Goiás, mas foi solto pela Justiça às vésperas do Dia da Mulher, em março. Atualmente está nas ruas e trabalha normalmente.
No dia 23 de julho, o Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia criminal contra o médico pelo assassinato.
Álvaro Ferreira foi denunciado por autoria de crime com quatro qualificadoras: motivo torpe, emprego da asfixia, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.
Leia a íntegra da nota
“A Polícia Civil do Tocantins, por intermédio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Palmas, informa que, após ciência de encontro de cadáver na manhã desta quinta-feira, 9, na região Norte da Capital, deu imediato início às investigações, a fim de esclarecer as circunstâncias da morte.
Após submissão a exames médicos legais, o corpo da vítima, identificada como Patrícia Aline Santos, foi liberado para sepultamento pela família no Estado de São Paulo.
A principal linha de investigação mantida pela DHPP é a ocorrência do crime de feminicídio, por meio do uso de arma de fogo, recaindo suspeitas da autoria sobre seu atual namorado, Iury Italu Mendanha.
A Polícia Civil informa, ainda, que realiza diligências até o momento para que Iury seja encontrado e ouvido pela autoridade policial que conduz as investigações”
Conversas entre Patrícia e uma amiga
Vídeo de quando o corpo foi encontrado pela polícia