Uma manifestação contra o reajuste de dez centavos da passagem de ônibus na Capital realizada no fim da tarde de quarta-feira, 8, foi encerrada após dura atuação da Polícia Militar (PMTO), que recorreu a gás de pimenta para dispersar manifestantes. Responsável pela organização do protesto, o movimento “Pula Catraca” garante o teor pacífico do ato e condenou a ação truculenta da corporação em vídeos publicados nas redes [confira no fim da matéria].
Nas imagens divulgadas pelo movimento, é possível identificar a aplicação do gás de pimenta diretamente no rosto de alguns manifestantes que ocupavam o ônibus. O grupo estava em posse apenas de cartazes e batuques. Em nota, a Polícia Militar afirma que “foram utilizados os meios proporcionais de uso da força” após “ter se esgotado a possibilidade de negociação”, medida que alega estar previsto no procedimento operacional padrão (POP) da corporação.
“A PM continua a garantir o livre exercício democrático através das manifestações, mas desabona qualquer ação ilegal, que quebre a garantia da lei e da ordem, bem como impeça outros de usufruir seus direitos”, acrescenta a nota, que encerra informando o canal para denúncias em relação à atuação de policiais. “A instituição orienta que reclamações podem ser direcionadas à Corregedoria-Geral, no Quartel do Comando Geral, para que o fato seja apurado.”
Uma das manifestantes que aparece recebendo o gás de pimenta nos vídeos, a universitária Carol Azevedo, relatou ao CT que a PM chegou apenas cinco minutos depois de iniciada a manifestação e em número “exacerbado”. “Chegaram com seis carros”, conta. A estudante também reforça que não demorou muito para que os policiais começassem a ação “truculenta”. “A gente estava conversando com eles ainda quando começaram a lançar o spray”, afirma.
Carol Azevedo contesta a argumentação dada na nota da PM. “Jogava bem no rosto das pessoas, se aproximava para jogar nos olhos, nariz. Qual o risco que a gente oferecia para a polícia e população a ponto de usar o spray de pimenta? Uso proporcional da força? Não consigo entender. A gente não estava em um ato que oferecesse algum risco à população ou em um ato de violência. Era uma ocupação pacífica. Mais uma vez a Polícia, com abuso de poder, uso desproporcional da força, fez valer sua violência e covardia contra os estudantes”, encerrou.
Reajuste
O novo preço da passagem do transporte coletivo de Palmas passará a valer a partir do dia 1º de junho. O aumento de dez centavos – de R$ 3,75 para R$ 3,85 – foi anunciado pela prefeitura ainda em março, e desde então manifestações regulares tem acontecido na cidade.
Confira abaixo a ação da Polícia Militar:
Leia a íntegra da manifestação da corporação:
“A PM informa que, devido a invasão de um ônibus por cerca de trinta manifestantes, após ter se esgotado a possibilidade de negociação, onde o motorista do ônibus e o comandante do policiamento urbano não foram atendidos, foram utilizados os meios proporcionais de uso da força, ressaltando que o uso de spray de pimenta está previsto no POP – Procedimento Operacional Padrão da PMTO, bem como faz parte do rol de opções para uso seletivo da força, nos casos necessários.
A PM continua a garantir o livre exercício democrático através das manifestações, mas desabona qualquer ação ilegal, que quebre a garantia da lei e da ordem, bem como impeça outros de usufruir seus direitos.
A Instituição orienta que reclamações podem ser direcionadas à Corregedoria-geral, no Quartel do Comando Geral, para que o fato seja apurado.
O caso:
A Polícia Militar informa que, por volta das 17h do dia 08/05/2019, foi acionada na Estação Apinajé, em Palmas, pelo motorista de transporte coletivo para retirar manifestantes que invadiram ônibus de transporte coletivo que o mesmo era responsável. No local, o motorista informou que cerca de 30 manifestantes teriam invadido o seu ônibus, pulado a catraca e começaram a fazer baderna dentro do ônibus, estando assim impedido de se locomover e realizar o seu trabalho. Os manifestantes, segundo o solicitante, se recusaram a sair de dentro do veículo. O comandante do policiamento tentou negociar verbalmente a retirada dos manifestantes, porém não obteve êxito, mesmo com ordem legítima para que os manifestantes desocupassem o ônibus, não foi atendido. Encerrada a possibilidade de negociação, foram utilizados os meios proporcionais do uso da força, sem uso de força física ou utilização de meios que viesse a causar lesões nos indivíduos resistentes, onde o transporte público foi liberado para atender a sociedade e a ordem pública foi restabelecida.”