Os dados oficiais sobre o número de candidatos com deficiência que se elegeram vereador e prefeito ainda não saíram. O Tribunal Superior Eleitoral publicará em breve, assim esperamos, mesmo não sendo obrigatório. Porque, pela primeira vez na sua história, a Corte divulgou o número de candidatos que, segundo sua estatística, foi de apenas 1,2% de candidaturas em todas as cidades brasileiras.
Mas tenho certeza que o número de eleitos foi muito, muito baixo, e no nosso Estado, o Tocantins, não conheço um vereador ou prefeito que tenha se declarado pessoa com deficiência e que tenha sido eleito, ou seja, representatividade zero.
Para nós que somos pessoas com deficiência, quando não temos representantes no poder público, não temos ninguém que nos defenda no legislativo e nem teremos nossos direitos resguardados. Temos a lei, mas ela não é colocada em prática e, assim, fica difícil garantir a igualdade porque a legislação não é cumprida.
A luta pela representatividade política da pessoa com deficiência tem que ser constante. Nunca existirá representatividade se não estivermos lá dentro do poder junto com eles, políticos. Os candidatos que abraçam nossas bandeiras são muito bem-vindos, mas a representatividade só é feita se nós mesmos estivermos lá, porque assim pensaremos num todo, afinal, nem todos pensam assim.
Esperamos ser bem representados na política, pois os desafios são grandes, com poucos candidatos concorrendo e os poucos que concorrem não têm o mínimo de estrutura partidária e até mesmo financeira, porque o ditado conhecido diz: “Candidato sem dinheiro não ganha”. E esse é o desafio que temos que superar: colocar pessoas com deficiência para legislar ou administrar de forma onde todos ganham e se sintam representados.
Estamos aguardando o resultado gerais das eleições, mas já adianto que o número de pessoas com deficiência eleitas foi muito pequeno. Além de sermos poucos, temos pouquíssimas mulheres com deficiência na política. Se para as que não são deficientes é difícil participar, imagina para quem possui alguma deficiência. A caminhada é longa, mas necessária.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
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