Em Natividade, é tradição o som da “matraca” na madrugada da Sexta-feira Santa.
Nesse dia, os sinos não tocam.
Em tempo de pandemia, sob forte chuva, um solitário homem, curiosamente com a mesma idade de Cristo, inicia o singelo percurso.
Simone Camelo, incentivadora das tradições locais, sensibilizada, empresta uma sombrinha ao pobre homem.
Phrancyell Nunes trocou a roupa molhada e continuou o trajeto.
Assim, humildemente, preservou a tradição do toque da “matraca” naquela pacata cidade.
Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome e de todos os resilientes que creem na cultura e nas tradições do nosso Povo.
Venha a nós o Vosso Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu, em especial nos recantos simples e casebres humildes dos artistas de toda sorte de arte e habilidade, seja na literatura, na música, nas expressões corporais ou nas habilidades artesanais talhadas e urdidas com suor, com alegria e com muito amor.
Dá-nos hoje o pão de cada dia, muito difícil de conquistar-se pelos esforços daqueles que não desistem de transmitir para as futuras gerações saberes e experiências herdadas e passadas na oralidade dos nossos ancestrais.
Perdoa as nossas ofensas, que sejam sensoriais, emocionais àquelas que nos furtam o compartilhar com nossos irmãos mais necessitados, assim como perdoamos os intolerantes que insistem na ignorância de não compreenderem a energia sagrada, sublime e a crença das culturas populares.
E não nos deixes cair em tentação de isolar os indiferentes e provocadores da desunião.
Mas livra-nos do mal singular de quem tentar calar e oprimir qualquer esforço de arte e de cultura.
Porque teu é o Reino da unidade, da tolerância e da sabedoria a gerar oportunidades para a Paz, para a criatividade, para o poder dos humildes, para a Glória e para sempre.
Amém.
EDSON CABRAL
É administrador e membro da Academia Palmense de Letras.
ecabral.to@gmail.com
A crônica em vídeo: