Dianópolis, das tias Dianas, minha velha e inesquecível São José do Duro. Terra que me viu nascer, crescer e ensinou-me, através dos meus pais e toda minha família e amigos, a perceber o que é a vida com seus desafios e conquistas; Comemorar as vitórias e aceitar os percalços inerentes a esta passageira vida terrena.
Minha boa e velha terra natal, oásis dos meus primeiros sonhos, terra que me fez poeta e sonhador… Que me fez e faz solidário aos sentimentos que por aí perpassa. Que me ensinou a amar as flores, os beija-flores e a natureza, a Serra Geral e seus mistérios, que desde criança tentei e continuo procurando decifrar…Mas os teus segredos, poucos sabem ou saberão amar…
[bs-quote quote=”Mas hoje meu coração se dobra diante da ausência que a morte da matéria impõe ao meu coração. Parte desta vida um amigo de infância, que se fez médico de homens e de almas, a exemplo do apóstolo Lucas, algo raro, mas ele assim se fez” style=”default” align=”right” author_name=”JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA” author_job=”É poeta, escritor e advogado” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/03/JoseCandido-PovoaNova60.png”][/bs-quote]
E essa terra querida, onde aprendi a amar manhãs e flores das primaveras, ensinou-me a ser feliz e amar a todos que aí nasceram, em especial meus contemporâneos, que junto comigo sonharam um sonho bom, de acreditar no futuro e nos valores da família.
Ah, Dianópolis dos meus devaneios, sei que tenho de entender que ofereceu e continua oferecendo-me ilusões e desilusões…
Deixei esse solo sagrado há 51 anos. Eu apenas um menino-adolescente buscando viver o futuro. Em terras estranhas convivi com inúmeros conterrâneos que daí, também, partiram. Amei e amo a todos. Dianópolis de alegrias passadas e presente. De ausências insubstituíveis, antigas e atuais. Meu canto para ti, hoje, minha terra natal, transforma-se numa disfarçada elegia e serve para agradecer pelos momentos que aí vivi. Pela família que me foi designada pelo Criador para acalentar e dirigir meus primeiros dias e meus primeiros passos. Foi em ti que conheci as primeiras e melhores pessoas do mundo: Meus pais, meus irmãos e meus amigos de infância e adolescência.
Aqui neste espaço tão especial da imprensa, já escrevi, descrevi, sonhei e sofri pela partida de pessoas que me amaram e comigo conviveram na minha Dianópolis…
Mas hoje meu coração se dobra diante da ausência que a morte da matéria impõe ao meu coração. Parte desta vida um amigo de infância, que se fez médico de homens e de almas, a exemplo do apóstolo Lucas, algo raro, mas ele assim se fez.
Minha Dianópolis, na sua humildade de cidade pequena, no conceito dos homens bons e puros, hoje torna-se a capital da solidariedade e transforma-se num tapete vermelho de amor para receber a passagem do féretro da humildade, dignidade e coração puro e bom, que nesta efêmera passagem sobre a terra, recebeu o nome Jaime James Pontes Jardim, que se fez médico de homens de almas, repito. Socorreu os pobres e aflitos. Que se impôs pela humildade e sabedoria no exercício de tão nobre missão que é a medicina. Curou doenças da matéria e foi conselheiro para os males da alma. Nunca se indignou com as vicissitudes da vida. Foi um exemplar filho, esposo, pai, avô.
Amigo meu e de minha infância, nossa infância foi a mesma. E depois em Goiânia, na década de 60/70, que parece tão distante…Mas foi ontem, na contagem cronológica do tempo que não para, em especial no coração do poeta. Naquela década, lembro-me bem, quando meu primo Carlos Póvoa e eu o acalentamos, muitas vezes, diante das lágrimas de um recém-chegado para viver e se acostumar com a distância da terra natal e do lar materno…Sempre demonstrou e viveu o amor sublime, transcendental e digno de ser chamado filho do Eterno. Na infância, o que nos separava era apenas um muro, daquele que não tinha a pretensão de marcar uma divisa de interesses humanos, mas para nos oferecer a oportunidade de escalá-lo em busca de uma fruta de um lado ou do outro…
E os pássaros e as flores que ali conosco viviam, sabiam disso. Que treda ilusão, a amizade os sentimentos e os pássaros nunca precisaram e nunca necessitarão de cercas, eles são livres, como livre é a vontade de sonhar e sentir saudade de você meu bom amigo, que retornou à pátria espiritual um pouco antes de nós.
Meu coração entristecido e solidário com minha sobrinha Alba Maria, esposa, e os filhos Rafa, Ana Cláudia, Guigo e Marina sem esquecer-me dos amigos Merecinha, Célia, Isnar, Jacson, Jaimilton. Minha terra natal está de luto.
Descanse em paz Dr. Jaime, nosso querido e inesquecível Jaiminho, médico dos pobres e necessitados, amigo de todos em minha Dianópolis.
Dianópolis, Dianópolis, meu velho São José do Duro…
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado. Membro fundador da Academia de Letras de Dianópolis, sua terra natal
jc.povoa@uol.com.br