Sempre fui um admirador, para não dizer apaixonado pela natureza e o tempo, esses enigmas que criam os milênios, os séculos, as décadas, os anos, os dias, as horas, os minutos e segundos e nunca desistem de mostrar sua força sobre o tempo de vida de cada um de nós, que vai de zero a 80, 90, 100 anos, quando muito e que representa apenas frações de segundos diante da eternidade.
Lembro-me que quando adolescente, sempre vislumbrava e até ansioso ficava com a possibilidade de atingir o ano 2000, quando, então eu completaria 51 anos de idade.
Parecia uma eternidade atingir essa marca que me separava da realidade nua e crua da maior idade.
Ultrapassei a barreira do ano 2000 e entrei num novo século, o XXI, e agora, já 24 anos dessa nova etapa de contagem de anos, me vi completando meus 75 anos de idade na última semana de junho próximo passado.
Passo a meditar sobre outro parâmetro que a maturidade vai nos dando e os discernimentos dos valores essenciais e que antes eu não tinha a menor noção e que nos ajuda a entender o preceito Bíblico de separar o joio do trigo.
E foi assim que no dia de mais uma comemoração de aniversário concluí que o mundo vai mudando e nos dando a plena razão dos relacionamentos, sinceros ou não e nos faz numa data tão pessoal, tão importante para cada um de nós, que não é por acaso que a gente veste o melhor terno, escolhe a gravata mais bonita, veste uma camisa especial e calça o melhor sapato e usa o perfume preferido, pois temos a certeza de que todos virão ou pelo menos farão uma ligação telefônica ou enviarão uma mensagem via internet, o novo meio de comunicação que domina o mundo.
Mas que bobagem, ledo engano, por algum motivo, nem todos vieram, nem todos ligaram, nem todos falaram comigo, mas foram lembrados por meu coração, mesmo aqueles para nunca mais, na sequência natural da vida.
Mas continuo acreditando que no próximo ano ou qualquer dia desses, os que não mantiveram contato ou não vieram, mas estão por aí, virão para celebrarmos a alegria da minha alma e alegria do reencontro mesmo que seja em uma data qualquer.
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com