Quando este espaço publicou em abril de 2020, meu artigo intitulado “Pandemia, a melhor idade e a espiritualidade”, momento em que o coronavírus começava a ceifar vidas, no texto eu lembrava o embate entre o vírus e a melhor idade, o que nos chamava a atenção era perceber que a grande maioria nesse time, do qual faço parte, além dos cuidados, precauções e prevenções, era perceptível, na grande maioria, o medo terrível da morte física, como se alguém fosse ficar para semente e essa atitude de medo ou até mesmo pavor, assumia um papel importante no quadro que vivíamos…”.
Vários comentários sobre as colocações lá inseridas e que, intencionalmente, provocaram reflexões. Lembrei-me, agora, de trazer e continuar fazendo e provocando questionamentos interiores, embora um pouco diferentes, mas que, intrinsicamente, versam sobre o mesmo tema.
O passado não existe mais, o presente que ora vivemos está acabando, só nos resta fazer do futuro o melhor possível. De que forma? Muitos perguntarão. Complementaria dizendo: Tomando atitudes, procurando ser exemplo de solidariedade, coragem e fé. Afinal somos feitos à imagem e semelhança do Criador, somos, enquanto matéria, uma máquina perfeita e no que tange ao espiritual, cabe a cada um de nós buscarmos e descobrirmos a transcendentalidade que nos é colocada no invisível, eu diria, no sexto sentido, que denominamos de premunição ou intuição, vindas de dimensões superiores, as quais não alcançamos apenas com os cinco sentidos que nos foram concedidos. Afinal conhecemos tão somente a terceira dimensão e suas limitações.
Só assim poderemos vislumbrar e aperfeiçoar o entendimento sobre o verdadeiro sentido da vida plena. “De que adianta ao homem ganhar o mundo e perder seu espírito? Ensina-nos o Divino Mestre: Não junteis apenas tesouros materiais aqui na terra, onde as traças roem, a ferrugem consome e os ladrões roubam. Preocupais em juntar valores que o dinheiro ou riqueza alguma podem comprar.”
Mas para alcançarmos tal patamar, necessário que cada um se dispa dos preconceitos, dos tabus e de determinados dogmas estabelecidos pelo ser humano e dos quais fomos obrigados, por circunstâncias ou momentos, segui-los, isso em função da orientação religiosa que recebemos de determinado, ou determinados segmentos, religiosos e, então, só assim, poderemos ver horizontes mais claros e extensos e termos consciência das mensagens Daquele que nenhum outro conseguiu superar ou contradizer em dois mil anos.
A verdadeira espiritualidade provoca desconforto. Muitos não a querem ou fazem questão de ignorá-la ou pelo menos tentar vivenciá-la. Mas a Lei Divina é imutável para nós, em especial, desde o nascimento até a morte da matéria.
Somente nos conscientizando em relação às leis físicas que compõem nosso mundo material, com nossa miopia sobre as mesmas, que agora, com o desenvolvimento e início do conhecimento da física quântica, se abre rumo a outras leis, embora invisíveis, também naturais, que juntando-se à percepção da grandiosidade da lei espiritual que nos cerca, um novo capítulo se inicia para a humanidade que poderá ser capaz de trazer uma luz contra o pavor da morte, tão certa como nosso nascimento e abrandar as incertezas do futuro.
Não se torna fácil entender que já trilhamos a reta final da viagem chamada vida, que para muitos é tão simples e para tantos outros tão complicada. É a reta que não tem retorno e nem contornos. Impassível, imutável e a bandeirada da chegada já nos espera sem que tenhamos ao menos a noção do dia e hora. E quando essa corrida terminar, será a hora de subirmos no pódio, receber ou não o prêmio e o momento de contabilizarmos e sabermos se somos credores ou devedores das lições que trouxemos para fazer e cumprir no dever de casa numa sala de aula chamada Terra.
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com