Cada vez há mais evidências que a sociedade está adoecendo emocionalmente. Basta prestar atenção no que está sendo difundido nas rede sociais e veiculado nos meios de comunicação. Basta observar os dramas cotidianos e a violência à nossa volta. Mas ainda assim, não dá para não ficar chocada, quando vemos a Secretaria da Saúde formalizar um grupo de trabalho para encontrar soluções para os elevados índices de automutilação e de suicídio entre os jovens. Louvável a iniciativa, principalmente por tratar de forma sistêmica e intersetorial, porém o que nos assusta é a proporção do problema. É a necessidade do poder público ter que combater, como epidemia, uma situação que até pouco tempo não fazia parte da nossa realidade. Será exagero? Será que isso está acontecendo mesmo? Será que a juventude está doente a esse ponto?
[bs-quote quote=”Não podemos deixar a vida nos levar. Temos que ser os autores da nossa história e donos da nossa vida, como ensina Augusto Cury. Ninguém dá o que não tem” style=”default” align=”right” author_name=”NILMAR RUIZ” author_job=”É escritora e palestrante” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/12/NilmarRuiz60.jpg”][/bs-quote]
Juro que pensei que o problema, não estivesse tão perto de mim. Porém, para a minha surpresa, encontrei com uma amiga querida, que eu nunca imaginei que estivesse vivendo esse drama.Tem somente uma filha com quinze anos que, até pouco tempo, não havia motivos para preocupação. Porém o comportamento da menina estava diferente, a comunicação travada, cada vez mais fechada e só no seu mundo virtual. Sempre com roupas escuras, camisas de mangas longas e calças compridas, nunca se despia na frente de ninguém. A mãe achava que era coisa de adolescente, mas nunca imaginou que era para esconder os ferimentos que ela própria fazia no corpo. Até que veio a primeira tentativa de suicídio. Veio à tona o enorme sofrimento da jovem. A dor da alma. Ela havia desistido de si mesma. O suicida não quer acabar com a própria existência, ele quer se livrar da dor e do sofrimento que está sentindo no momento. Quer acabar com a ansiedade, com a depressão e com o desequilíbrio emocional. Minha amiga começou a peregrinação. Psicólogos, psiquiatras, remédios, terapias alternativas. Graças à Deus hoje, se dedicando exclusivamente em salvar a filha, já pode somar bons resultados.
Assim como eu, talvez você esteja se fazendo mil perguntas: será que isso é consequências dos tempos que estamos vivendo, da ansiedade e da competição desenfreada? Será que o rápido avanço tecnológico trouxe infelicidade? Será que é resultado da crise econômica e social? Será questão moral e ética? Será que é falta de fé? Será que é consequência da desestruturação familiar? Será que a escola não está cumprindo o seu papel? Será que é devido ao aumento do uso de drogas? Será…?
As causas e soluções não são fáceis de ser apontadas e menos ainda de se adotar ações para mudar essa realidade. Envolvem fatores históricos e ações sistêmicas e coletivas. Porém, não se pode ficar de braços cruzados esperando que as coisas mudem. Ou pior, ficar insensível achando que o problema não é nosso. Temos que fazer a nossa parte.
Não podemos deixar a vida nos levar. Temos que ser os autores da nossa história e donos da nossa vida, como ensina Augusto Cury. Ninguém dá o que não tem. O autoconhecimento, a transformação individual, a busca pelo equilíbrio emocional e pela felicidade é a porta de entrada. Não há como ajudar o outro, se não estamos bem com nós mesmos.
A Auto Reprogramação – ARH – metodologia que sou co-autora, tem como fundamentos, que todos os problemas e todas as soluções estão dentro de nós. Que a decisão de mudar é de cada um e de dentro para fora. E que voltando mais a atenção para dentro de nós mesmos, temos como avaliar nossas crenças e pontos de vista e perceber, compreender, aceitar e ajudar melhor os outros.
Ações de natureza pública são necessárias. Até os meados dos anos 90 se avaliavam as pessoas pelo QI (coeficiente intelectual), porém as pesquisas mostram que os QEs (coeficientes emocional e espiritual), são fundamentais para o sucesso e para uma vida plena e feliz, e o sistema educacional precisa se alertar para isso. A Saúde deve estabelecer estratégias para o atendimento físico, mental e emocional voltadas para essa problemática. E o acolhimento dos nossos jovens, através de ações e oportunidades que os ajudem a realizar seus projetos de vida, é fundamental.
Porém é a família, somos cada um de nós, que temos que salvar as nossas crianças e os nossos jovens. É nossa responsabilidade manter um ambiente alegre e saudável nos nossos lares; perseverar na comunicação transparente e sem conflitos; conviver respeitando a individualidade de cada um; estimular nossos jovens a terem seus próprios projetos e sonhos; ensinar a aceitarem os erros, decepções e fracassos como processo de aprendizagem e evolução, a perdoar e a agradecer; perceber intimamente o outro e escutar o seu grito subliminar de socorro; amar incondicionalmente.
Se o homem muda, a sociedade muda, as instituições mudam e o mundo se transforma!
A felicidade de todos depende de cada um de nós!
NILMAR GAVINO RUIZ
É professora, ex-secretária da educação, ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal. É co-autora da ARH – Auto Reprogramação Humana – e palestrante.
nilruiz@uol.com.br