A vida nos apresenta muitos caminhos e as nossas escolhas determinam onde vamos chegar. Há caminhos sem volta. Há caminhos tortuosos. Há caminhos mais curtos, outros mais longos. Uns levam à alegria e a felicidade, outros ao infortúnio e ao sofrimento. O sucesso ou o fracasso depende muito da escolhas que se faz. Nossa vida é o conjunto das decisões que tomamos.
Começamos a decidir ao raiar do dia, ou mesmo antes disso. A que horas levantar? O que comer? Fazer atividade física? Sair de casa? São escolhas e mais escolhas…E as grandes bifurcações que a vida apresenta? Trocar de emprego? Mudar de cidade? Casar? Desfazer o casamento? Pequenas decisões podem causar sérios problemas, agora imagine os grandes dilemas? Com uma decisão precipitada pode-se destruir tudo o que se conquistou no decorrer da vida. E na maioria das vezes, a dor do arrependimento é maior do que o problema. Então, como tomar decisões mais acertadas?
[bs-quote quote=”Não há nada tão urgente que não possa esperar a cautela necessária para se decidir. É fundamental que se tenha tempo e condições para que se tome a decisão mais acertada” style=”default” align=”right” author_name=”NILMAR RUIZ” author_job=”É escritora e palestrante” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/12/NilmarRuiz60.jpg”][/bs-quote]
Primeiro PARE! Decisões precipitadas, sob tensão emocional, na maioria das vezes, acarretam prejuízos irreparáveis. A chance de escolher errado é enorme. Não há nada tão urgente que não possa esperar a cautela necessária para se decidir. É fundamental que se tenha tempo e condições para que se tome a decisão mais acertada.
É necessário se ter várias opções, o maior número de informações possíveis e dados suficientes, para se poder comparar, avaliar, refletir e antever resultados, para depois de um exame sereno, poder decidir.
Hoje a internet contribui muito. O volume e as diferentes fontes de pesquisa facilitam o levantamento das possibilidades de escolha. Mas, além da tecnologia o nosso semelhante é uma importante fonte de informação. O sentimento de solidariedade está intrínseco nas pessoas, mesmo nesse mundo de hoje, em que cada vez mais, todos estão muito ocupados com si próprios. Mesmo numa sociedade competitiva e consumista como a que estamos vivendo nesse momento, há sempre quem queira ajudar. Assim, sempre que se precisar de uma opinião ou de uma resposta, há como obter ajuda. Às vezes criamos obstáculos para consultar ou pedir opiniões. Até porque, fomos condicionados a isso.
Por muito tempo o modelo de tomada de decisão que prevaleceu, e em muitos casos ainda é assim, era de cima para baixo. Dos pais para os filhos, do chefe para os chefiados, do governo para o povo… Isso fortaleceu o sentimento de superioridade, de dominação, de dependência, impedindo uma visão mais ampla da vida e do mundo. Embotou a autoestima, a criatividade e distanciou as pessoas de consultar, de pedir opiniões, da responsabilidade pela solução dos problemas e da capacidade de escolher e decidir.
Conheço uma história que ilustra muito bem esse modelo.
Uma menina chegou pela primeira vez na escola e ficou encantada. Seus olhinhos brilhavam ao ver lápis coloridos, tintas, argila e tudo mais. Ficou imaginando tudo o que iria fazer. As crianças, atendendo o comando da professora, pegaram os materiais para começarem a desenhar. A menina começou a sonhar com a sua criação. Mas a professora interviu: – Esperem vocês vão desenhar uma flor. A menina começou a imaginar como seria a sua flor. Colorida, muitas folhas, num jardim… Quando estava decidindo o que fazer a professora interrompeu: – Desenhem uma flor vermelha, com o centro amarelo, com o cabo comprido e uma folha verde. A menina até tentou dizer que queria uma flor diferente, mas desenhou exatamente a flor que a professora mandou. Conversar, trocar idéias com os colegas, era visto como indisciplina, e a menina foi se acostumando a interagir cada vez menos. A família mudou de cidade e a menina foi para outra escola. A nova professora falou: – Hoje vamos desenhar. E a menina perguntou: – O que? A professora carinhosamente respondeu que ela decidisse, que pedisse opinião aos colegas e fizesse o que achasse melhor. A menina baixou a cabeça e desenhou a flor vermelha, com o centro amarelo, com o cabo comprido e uma folha verde.
Quantas pessoas foram treinadas para não decidir? Só obedecer? Quantas se sentem impotentes, incapazes e inseguras diante de situações que exigem tomada de decisão?
Graças à Deus, hoje um novo modelo já vem sendo adotado em muitas organizações. Incentiva a todos que estão envolvidos na questão, independente da posição hierárquica, a tomarem parte ativa na decisão. Nas questões familiares todos os membros participam. Inclusive as crianças, que habitualmente surpreendem ao fazerem observações e dar opiniões, que muitas vezes ninguém havia percebido. A participação de todos faz com que a responsabilidade de cada um seja efetiva. As ações, como integram um objetivo comum estabelecido por consenso, são desenvolvidas cooperativamente. Assim, se internaliza o hábito de consultar, de conhecer várias opiniões e alternativas, antes de se tomar uma decisão importante.
Há vários caminhos. Escolha o seu! Decisões erradas podem nos levar ao infortúnio e a infelicidade, da mesma forma que decisões mais acertadas, a uma vida plena e feliz. Nunca se esqueça! O mundo tem a cor que você pinta!
NILMAR GAVINO RUIZ
É professora, ex-secretária da educação, ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal. É co-autora da ARH – Auto Reprogramação Humana – e palestrante.
nilruiz@uol.com.br