A história dos Jogos Paralímpicos nasceu da brilhante ideia do neurologista alemão de origem judia Ludwig Guttmann. Ele viu que poderia recuperar soldados da Segunda Guerra Mundial que ficaram com alguma deficiência e se sentiam fora de tudo. Os jogos eram uma maneira de inseri-los no meio onde viviam. Assim, a primeira edição aconteceu em Roma em 1960 e desde então vem em constante evolução.
Por mais que a grande mídia dê algum destaque aos que ganham medalhas, a TV aberta não transmite os jogos Paralímpicos. O incentivo do governo é insignificante, tem modalidades que ficam a de fora por não falta de apoio. Se para a Olimpíadas é difícil, imagina para a Paralimpíadas.
O ponto de vista positivo que vejo na visibilidade que os jogos Paralímpicos proporciona é o incentivo à prática de exercícios físicos e o grande bem que eles fazem a saúde física e mental das pessoas.
Temos que sempre deixar claro que deficiências são características e não algo a ser superado. Porque a deficiência em si já é limitante de alguma forma e cabe a nós, pessoas com deficiência, nos adaptarmos e seguir em frente e, acredite, nunca é superado porque é uma parte de nós mesmos.
Fazer discurso de superação só mostra a deficiência como fator negativo, de inferioridade e que precisa ser superado. Essa visão de que somos “pobres coitados” e que temos de ser admirados. Chamar-nos sempre de “exemplo de superação” e ter esse foco (coisas da mídia) é capacitista, porque nos subestima. Parabenizam-nos quando fazemos nada mais do que existir, e alguns ainda acham que as pessoas com deficiência precisam de palmas por fazerem coisas simples do dia a dia. Nos retratam o tempo todo como deficientes, colocam a deficiência como o principal, como protagonista, e não a pessoa.
Esquecem que existe alguém com personalidade, gostos, habilidades e defeitos, mas, para se sentirem bem, nos resumem à nossa deficiência.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
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