A recente lei que proíbe o uso de celulares nas escolas brasileiras levanta algumas questões: será que, ao proibir o uso dos celulares, vamos realmente evitar os impactos negativos da tecnologia? Ou seria melhor usá-la como aliada? Em um mundo cada vez mais conectado, afastar os estudantes da tecnologia pode ser um erro estratégico. Sabemos que a escola está cada vez mais distante e desconectada da vida dos alunos. Será que, com essa medida, não vamos aumentar ainda mais essa distância?
No meu ponto de vista, em vez de proibir, deveríamos ensinar os alunos a utilizar o celular de forma produtiva e inseri-lo no processo pedagógico.
Vivemos em uma era em que a tecnologia permeia todos os aspectos da vida. Os celulares, em particular, deixaram de ser apenas instrumentos de comunicação para se tornarem dispositivos de acesso à informação. Hoje, o conhecimento está na palma da mão, e isso é aprendizado. Bloquear o uso dos celulares nas escolas é ignorar a realidade. É uma solução analógica e ultrapassada em um mundo totalmente novo e digital. Além disso, representa um desperdício da oportunidade de educar sobre o uso responsável e crítico do celular e de apoiar nossas crianças e jovens no enfrentamento dos desafios deste novo tempo, no qual o rápido avanço tecnológico exige cada vez mais habilidades.
A utilização orientada dos celulares pode enriquecer as aulas de inúmeras maneiras. Aplicativos educacionais, vídeos explicativos, ferramentas de pesquisa e até a realidade aumentada podem transformar conteúdos estáticos em experiências interativas e dinâmicas. A integração da tecnologia na sala de aula ajuda a aproximar os conteúdos do cotidiano dos alunos, aumentando o engajamento e o interesse.
Porém, a maioria dos professores ainda não sabe como utilizar os celulares de forma eficiente na sala de aula. Programas de capacitação voltados para o uso pedagógico da tecnologia poderiam preparar os professores para utilizar essas ferramentas de maneira criativa e alinhada aos objetivos educacionais.
Além de perdermos oportunidades pedagógicas, proibir os celulares cria um paradoxo. Tudo o que é proibido tende a se tornar mais atrativo, especialmente para adolescentes. Em vez de eliminar o problema, a proibição pode incentivar o uso clandestino e inadequado dos dispositivos, dificultando ainda mais o controle e a supervisão. Acredito ser mais eficaz ensinar os alunos a usarem o celular de forma positiva e responsável, tanto na escola quanto em casa, do que criar mais uma barreira que torna o ambiente escolar cada vez menos significativo para os estudantes.
Em vez de legislar contra os celulares, deveríamos investir em educação digital e no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Precisamos ensinar os alunos a lidar com suas emoções e distrações, a utilizar e avaliar criticamente as informações disponíveis na internet e a proteger sua privacidade e seu bem-estar.
Para concluir, a proibição de celulares nas escolas brasileiras é uma medida que tenta escapar dos desafios que a tecnologia apresenta, em vez de enfrentá-los. A solução não é banir o celular da escola, mas educar quanto ao seu uso. Afinal, a educação deve preparar os jovens para o sucesso no mundo em que vivem, e esse mundo é digital.
NILMAR RUIZ
É presidente do PL Mulher do Tocantins. Foi prefeita de Palmas e deputada federal.