Em 2017, quando foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), passou a ser obrigatória nas escolas brasileiras a implementação das habilidades socioemocionais na educação infantil e no ensino fundamental e, posteriormente, no ensino médio, com o objetivo de contribuir para que nossas crianças e jovens tenham sucesso diante dos grandes desafios impostos pelo rápido avanço tecnológico e pelas transformações sociais e políticas que estamos vivendo.
Somados a esses desafios, enfrentamos a pandemia da COVID-19, que, com o isolamento social, a disseminação do medo e o fechamento das escolas, afetou irreversivelmente a juventude. Hoje, vivemos em uma sociedade onde o desequilíbrio emocional e as doenças mentais vêm impedindo o bom desempenho das pessoas na escola, no trabalho e na vida.
As escolas passaram a ter uma responsabilidade muito grande junto às famílias e comunidades. As habilidades socioemocionais, integradas ao currículo escolar, precisam ser trabalhadas não apenas para cumprir a lei ou melhorar o desempenho acadêmico, mas, principalmente, para ajudar as pessoas a lidarem com os grandes males deste século: depressão, ansiedade, desequilíbrios emocionais e doenças mentais. A valorização da vida e o desenvolvimento de estratégias de sobrevivência precisam ser cultivados entre crianças e jovens, pois o crescimento dos índices de suicídio juvenil é alarmante.
O desenvolvimento de competências como autoconhecimento, inteligência emocional, enfrentamento de desafios, empatia, resiliência, relações saudáveis e consciência social torna-se ainda mais essencial do que o próprio desenvolvimento cognitivo.
Desde então, as redes de ensino e instituições escolares têm buscado maneiras de implementar essas diretrizes, mas os desafios são enormes. Não basta apenas colocar psicólogos nas escolas, pois muitos deles podem estar preparados para o atendimento clínico individual, mas não para ações coletivas de impacto na comunidade escolar. Os professores não estão capacitados para lidar com inteligência emocional, neurociência e novas abordagens como mindfulness, psicologia positiva e terapias cognitivas comportamentais.
Além disso, a adaptação curricular para essa nova exigência enfrenta resistência de muitos pais e comunidades escolares que consideram essas mudanças desnecessárias, dificultando significativamente o avanço nessa área tão fundamental para a sobrevivência da nossa civilização.
Precisamos nos unir — educadores, profissionais da saúde, pais e todos aqueles que se preocupam com o bem-estar, a qualidade de vida e a felicidade — para evitar que a humanidade continue nesse processo coletivo de adoecimento mental, sem volta.
NILMAR RUIZ
É presidente do PL Mulher do Tocantins. Foi prefeita de Palmas e deputada federal.