Caros leitores,
Esta é uma semana especial para a Coluna do CT porque na quarta-feira, 12, comemoramos os nossos 20 anos de atuação no Tocantins. Uma história que começa, na verdade, no momento em que fui apresentado à internet pelo gerente de tecnologia do jornal em que era editor em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, em 1997. Ele me chamou à sua sala para mostrar a novidade. Conectou e começou aquele chiado irritante que os mais velhos se lembram bem. Então, veio a magia: o site do New York Times, do The Washington Post, do Le Monde e do Jornal do Brasil, o primeiro veículo brasileiro a ingressar na rede mundial de computadores.
Claro, amigos, o fascínio foi imediato e disse ao Nilsinho, o gerente de tecnologia: “Isso é a carta de alforria dos jornalistas”. E foi bem assim. Logo, grandes profissionais passaram a deixar as redações dos “jornalões” para ter seus sites e depois seu blogs.
Desde essa época passei a alimentar o desejo de possuir meu espaço no universo virtual, e a oportunidade chegou com a mudança brusca na minha vida que foi a decisão de vir morar no Tocantins. Lecionei nos cursos de jornalismo e publicidade do Ceulp/Ulbra e Fapal, em Palmas, depois assinei a coluna “Antena Ligada”, do Jornal do Tocantins, mas sempre com a ideia fixa de ter minha página na internet.
Assim, o blog Clebertoledo.com.br começou a nascer logo após as eleições municipais de 2004, um dos primeiros do Brasil de iniciativa de jornalistas. Na época, blogs eram diários de adolescentes, mas profissionais de comunicação pelo mundo passaram a adotá-lo. Tive a honra de estar entre os jornalistas brasileiros pioneiros a abrir essa picada que acabou se transformando na movimentada rodovia dos dias atuais. Criamos um mercado enorme, que mudou a comunicação.
Na época existiam os sites estáticos dos jornais impressos, atualizados só quando havia nova edição do veículo. O avanço da Coluna do CT foi a atualização em tempo real.
Dois desafios se impunham: definir a forma de atualizar e convencer o mercado de que os sites eram espaços importantes para a publicidade. O crescimento geométrico da audiência levou empresas e governos a enxergarem rapidinho que os veículos online ofereciam o melhor custo-benefício para anúncios — tinham público e eram baratos em relação aos tradicionais. Chegar à fórmula ideal de produção — considerando o veículo, o público, o tamanho e o formato do mercado publicitário e a realidade regional — deu mais trabalho.
Errei nessa trajetória ao sair do projeto original — ser tão somente uma coluna de política — para tentar implantar um portal de notícias, quando o mercado publicitário e a própria péssima qualidade da internet da época não permitiam. Só acumulei dívidas que levei mais de dez anos para pagar.
Além disso, a explosão de sites prejudicou demais o mercado. Qualquer um pode criar o seu, mesmo sem qualquer compromisso ético com a informação, sem formação e sem conhecimento do jornalismo. Assim, tirei um ano sabático em 2011 para pensar e, analisando tudo isso, decidi voltar ao projeto original e fazer algo que amo e domino: a coluna política. O que me atrai no jornalismo não é a notícia, mas o que está por trás dela. É o que gosto e o que sei fazer de melhor.
De outro lado, enxugamos ao máximo a empresa para que ela seja bem pequena e não dependa de grandes receitas para se pagar. Com a coragem que não nos falta, focamos no colunismo político, sem a preocupação de agradar ou desagradar, olhando todos os políticos com respeito, mas como são, meros servidores públicos, não “popstars”, “herdeiros da monarquia” ou coisa do tipo.
Claro que isso sempre deu o que falar, com tentativas de retaliações diversas, censuras de todo tipo, mas nunca nos curvamos, sempre mantivemos a mesma linha de publicar o que consideramos de interesse público, até tentamos ajudar governos a acertarem, mas nos colocando contra ameaças à democracia e contra a má gestão, como agora, no caso do risco de nova crise fiscal, um mal que, se se efetivar, vai atingir toda a sociedade.
Dessa forma, logo após o lançamento do blog Clebertoledo.com.br, já estávamos censurados em órgãos públicos e financeiramente (sem receber publicidade oficial). Inclusive essa situação nos garantiu capa na editoria de tecnologia do jornal O Estado de S.Paulo, em 2007, com o grandioso título “O blogueiro que mexe com os poderosos”. Hoje não há como impedir que vocês nos leiam, por causa do acesso via smartphone (há 20 anos era só pelo computador). Contudo, continuamos sendo censurados financeiramente, volta e meia colocam gente para nos atacar em redes sociais, criam fakes, mas, com o modelo de empresa que temos, podemos suportar, sem baixar a cabeça e indo para cima em defesa do que consideramos de interesse público. Doa a quem doer.
A madeira aqui é desse jeito desde que nasceu: não treme e não enverga. Sempre terá a coluna ereta, olhando para frente, nunca para baixo.
Mas temos a clara consciência de que devemos nosso sucesso à confiança dos milhares e milhares de leitores que nos acessam diariamente, via site ou redes sociais. A vocês, portanto, amigos e parceiros de duas décadas, o nosso eterno agradecimento.
Saudações democráticas,
CT