O risco de uma nova crise fiscal no Tocantins foi parar na tribuna do Senado Federal na noite dessa terça-feira, 11. O senador Irajá (PSD) tratou do tema e revelou uma importante informação: em apenas três anos, de 2021 a 2024, o governo do Estado aumentou em 1,3 bilhão seus gastos com pessoal, o que resultou no comprometimento de 46,32% de Receita Corrente Líquida (RCL) com folha. Isso porque, nesse período, a despesa com salários, gratificações e horas extras saltaram de R$ 5,3 bilhões para R$ 6,6 bilhões. Irajá definiu a situação como “preocupante”. “Coloca em risco, inclusive, o futuro de nossa população, que já anda sofrendo nas áreas essenciais, na saúde, na segurança, em tantas outras áreas”, afirmou o parlamentar.
DE 40,31% PARA 46,32%
O governador Wanderlei herdou o Estado em 2021 com 40,31% de comprometimento de RCL com folha, depois do ex-governador Mauro Carlesse (Agir) ter promovido uma redução de 17,69 pontos percentuais — em 2018 assumiu o Palácio com esse índice em 58%. No ano seguinte à posse de Wanderlei, em 2022, o governo conseguiu uma ligeira redução e esse percentual caiu 0,96 ponto e fechou em 39,35%. Contudo, o índice explodiu em 2023 incríveis 5,52 pontos, quando chegou a 44,87%, e mais 1,45 ponto em 2024, ficando em 46,32%. Com esse último percentual, o Estado estourou o limite de alerta fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (44,1%) e encostou no limite prudencial (46,55%).
10 MIL CASAS POPULARES
Irajá fez uma comparação em seu discurso para ilustrar o que representa esse incremento em folha de R$ 1,3 bilhão em apenas três anos. “Dariam para construir 10 mil casas populares, com esse mesmo dinheiro daria também para construir 1.238 postos de saúde novos, praticamente 10 postos de saúde para cada um dos 139 municípios do Tocantins”, disse.
GOVERNO TENTA SILENCIAR IMPRENSA
O senador ainda afirmou no discurso que o governador Wanderlei tenta “silenciar a nossa competente imprensa do Estado impedindo que essa verdade seja divulgada pelos veículos de comunicação”. “Muitos dos dados que foram revelados aqui são, inclusive, fruto da apuração jornalística e de veículos de comunicação sérios do Estado que ousaram denunciar essa realidade, mas agora estão pagando caro, sendo perseguidos, intimidados, inclusive, boicotados pelo governo”, lembrou. “Não adianta querer calar e amordaçar nossa imprensa, senhor presidente, a época da ditadura acabou há mais de 50 anos, e eu quero aqui na tribuna do Senado federal aproveitar essa oportunidade para expressar minha total solidariedade à imprensa tocantinense, que resiste bravamente a essa tentativa de censura, e a imprensa do Tocantins nunca foi tão oprimida na sua história.”
ELOGIOS DO PRESIDENTE DA MESA
Ao final, o discurso de Irajá foi elogiado pelo quarto secretário da mesa, que presidia a sessão, senador Láercio Oliveira (PP-SE). “Quem convive com Vossa Excelência aqui no Senado Federal conhece as suas qualidades, conhece a sua postura firme, conhece a sua disposição de fazer enfrentamentos, e feliz é o seu Estado, o Tocantins, que tem um senador com essas qualidades, vigilante, atento, bem informado e comprometido com o seu mandato. Esse momento de hoje aqui é a prova maior do seu trabalho e do seu compromisso com seu povo e com a sua gente. Parabéns pelo seu pronunciamento”, afirmou Oliveira.
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