A diferença entre Jair Bolsonaro (PT) e o PT é a forma, não o conteúdo. O presidenciável não se esconde, assume quem é, e o partido sofisma. Bolsonaro diz a quem quer ouvir suas teses autoritárias. O PT escamoteia seu discurso totalitário em uma fantasiosa defesa da democracia.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) diz: “Basta um soldado e um cabo para fechar STF”. Outro deputado federal, Wadih Damus, este do PT do Rio, afirma: “Tem que fechar o Supremo Tribunal Federal”. Qual a diferença de discurso?
[bs-quote quote=”Ao contrário dos apocalípticos que preveem o ‘fim da democracia’ com a ascensão de Bolsonaro, não tenho a menor dúvida de que nossas instituições estão consolidadas, sobretudo as Forças Armadas, que são muito mais democráticas que o PT, diga-se” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Com o “mensaleiro”, “petroleiro” e mentor intelectual das ações criminosas e políticas do PT, José Dirceu, não foi diferente: “Tem que tirar o poder de investigação do Ministério Público” e “deveria tirar todos os poderes do Supremo”. O bandido condenado foi mais longe: “Dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”. Muito democrático.
Agora o PT está no “mimimi” das fake news, logo o PT que sempre usou e abusou desse instrumento eleitoral nefasto. Marina Silva (Rede) que o diga. Em 2014, os petistas esqueceram do companheirismo do passado, de que se tratava de um ser humano, e a massacrou nas redes sociais até tirá-la do segundo turno. Para o PT, fake news nos olhos dos outros é refresco.
O partido do cadeeiro Luiz Inácio Lula da Silva apela para a ameaça com gritos histéricos para defender seus interesses, que, malandramente, disfarça como se fosse “defesa da democracia”. Confira o que disse o senador derrotado no Rio Lindbergh Farias contra a condenação do cadeeiro: “Não nos peçam passividade neste momento. Há uma ditadura de toga nesse País. Não podemos mais dizer que vivemos numa democracia e agora só temos um caminho: a rebelião cidadã e a desobediência civil”.
O ex-presidente, condenado a 12 anos 1 mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, foi julgado em primeira instância, pelo juiz federal Sérgio Moro; pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e ainda teve direito a dezenas de recursos ao STJ e ao STF. Mas insistem em camuflar um discurso antidemocrático, de total desrespeito às instituições brasileiras, como se fosse uma ode à democracia. É muito cinismo.
Essa é da mesma lavra do “Lindinho”, como Lindbergh Farias é conhecido nas planilhas da Odebrecht: “Defender Lula é defender a democracia”. Claramente um discurso autoritário disfarçado de democrático.
Assim, o PT não tem a mínima moral para criticar o bolsonarismo e seus métodos.
Contudo, não acalento o mínimo apreço pelos métodos e discurso da família Bolsonaro. Esse ataque do deputado Eduardo Bolsonaro ao STF é inaceitável, desrespeitoso e incendiário. Em suma: uma total irresponsabilidade. Ainda mais se tratando do filho do próximo presidente da República — a não ser que o mundo acabe até domingo, 7 —, e por se tratar do deputado federal mais bem votado da história da República.
Nessa segunda-feira, 22, ouvi de um analista o diagnóstico mais exato: falta senso de institucionalidade aos Bolsonaro, pai e filhos. Eles não demonstram qualquer respeito pelas instituições (de novo: como também o PT, apenas a forma é diferente).
Para quem está prestes a assumir o comando da Nação, isso é muito grave. A família Bolsonaro precisará mudar o modo como vê, se refere e se relaciona com as instituições. Ao contrário dos apocalípticos que preveem o “fim da democracia” com a ascensão de Bolsonaro, não tenho a menor dúvida de que nossas instituições estão consolidadas, sobretudo as Forças Armadas, que são muito mais democráticas que o PT, diga-se.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, revelou a Veja que a instituição foi sondada e rechaçou a hipótese de apoiar a decretação de estado de defesa nos dias tensos que antecederam o impeachment de Dilma. Mais uma vez fica claro o “espírito democrático” dos aliados do cadeeiro.
Assim, duvido que as Forças Armadas embarcarão numa aventura autoritária de Bolsonaro e seus filhos, no caso de uma grave crise institucional. Se não respeitarem a Constituição, ao contrário do que o PT e seus puxadinhos alardeiam, o virtual presidente será apeado do poder, como ocorreu com outros dois antecessores dele que não aceitaram as regras vigentes, Fernando Collor e a petista Dilma Rousseff.
O fenômeno Bolsonaro, como a coluna já afirmou, foi parido pelos crimes e erros do PT ao longo de seus 13 anos. Acrescento que também pela omissão do PSDB, um partido que nunca soube e nunca teve coragem de fazer uma oposição digna desse nome. Quando os petistas acusam o PSDB e o MDB de darem um “golpi” é um insulto ao País. Se não fosse o memorável movimento de rua de 15 de março de 2016, com milhões de brasileiros pedindo a saída de Dilma, o impeachment nunca teria ocorrido.
Se Bolsonaro se tornar presidente, e vai, o grande responsável é o PT, que mostrou que só tem compromisso com ele mesmo, e nenhum com o Brasil.
Repito o que afirmei esses dias: o povo brasileiro não vai votar em Bolsonaro, mas contra o PT, numa ação do maior partido do Brasil, o antipetismo.
CT, Palmas, 23 de outubro de 2018.