Vencedor do Oscar, o diretor de cinema italiano Bernardo Bertolucci morreu nesta segunda-feira, 26, em Roma, aos 77 anos. O cineasta levou a estatueta de “Melhor Diretor” com o longa “O Último Imperador”, de 1988, que triunfou em outras oito categorias naquele ano.
Poeta, documentarista e produtor, Bertolucci também assinou grandes sucessos como “Novecento”, de 1976, “O Pequeno Buda”, de 1993 e “Último Tango em Paris”, de 1972, com o qual foi recentemente alvo de críticas por ter declarado rodar uma cena de sexo não consentido no longa.
No vídeo, o diretor conta que a atriz Maria Schneider (Jeannie), que na época tinha 19 anos, não sabia o que aconteceria na cena em que Marlon Brando (Paul) usa manteiga como lubrificante na garota. A cena é uma das mais polêmicas da história e intensificou a censura nas telonas. Segundo o cineasta, sua intenção era que Schneider reagisse “como uma menina, e não como atriz”. O italiano ainda afirmou que não a viu mais depois das gravações do filme, porque ela “o odiava”.
Originário de Parma, o cineasta estava doente há muitos anos. Ele foi assistente de Pier Paolo Pasolini e estreou sua carreira em 1962, com “A Morte”. Filho do poeta Attilio e de Ninetta Giovanardi, cresceu com ares do cinema dentro de casa, o que ajudou Bertolucci e seu irmão Giuseppe a trilharem caminho nessa área. Mas quem deu o ponta-pé inicial foi o amigo de família Pier Paolo Pasolini, que convidou Bertolucci a ser assistente de produção.
Com o incentivo do pai na poesia, Bertolucci cursou a Faculdade de Literatura Moderna da Universidade La Sapienza, de Roma, antes de abandonar as letras e se dedicar ao cinema. O seu primeiro filme de sucesso foi “O confirmista”, de 1970, inspirado no romance homônimo de Alberto Moravia, que rendeu a sua primeira indicação ao Oscar.
Então, o italiano abraçou o universo da sétima arte e trilhou uma carreira em que dirigiu mais de 30 filmes. Em 2007, ele venceu o “Leão de Ouro” pela carreira na 64ª Mostra de Veneza, e em 2011 foi honrado com a “Palma de Ouro”, no Festival de Cannes, pelo conjunto da obra.
O último filme que produziu foi “Eu e Você”, em 2012, em que o introvertido Lorenzo tenta se esconder no porão para fugir dos problemas do mundo.