De acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 46% dos jovens brasileiros, entre 25 e 29 anos, estão inadimplentes. Na faixa dos 18 aos 24 anos, a proporção é de 19% – somados os dois grupos, eles representam cerca de 12,5 milhões de jovens que estão com as contas no vermelho. A coach empresarial especializada em finanças, Zaira Vasconcelos, concorda com os principais motivos para o endividamento entre os jovens também citados na pesquisa, que são: crescimento do desemprego, redução da renda per capita e a falta de planejamento.
No caso da estudante do oitavo semestre do curso de psicologia Laís Alves, 22, o custo mensal com a faculdade foi o principal motivo para que ela não conseguisse administrar as contas. “Eu não tenho bolsa de estudo. Além disso, recebo apenas um salário mínimo e preciso arcar sozinha com os gastos que envolvem a minha graduação”, conta.
Entretanto, mesmo cheia de dívidas, a estudante tenta organizar a vida financeira. “Anoto todas as despesas em uma agenda e vou vendo quais são as prioridades na hora de efetuar o pagamento. Também tento não fazer mais gastos mas, às vezes, é inevitável por conta dos imprevistos”, justifica.
Em geral, mesmo que com menor pressão financeira, o endividamento entre jovens acontece porque muitos não questionam o custo do crédito – já que ainda convivem com os pais, provedores dos maiores gastos da casa – e são influenciados por propagandas e pela mídia. Eles podem até estar dispostos a pagar, contudo, têm pouca dimensão das consequências da inadimplência.
“Os jovens não querem se privar de ter uma roupa de marca ou ir para um determinado lugar. Nessa idade, existe a necessidade de inclusão, que faz com que eles extrapolem. Entretanto, na maioria das vezes, agir de forma impulsiva não parte da sua vontade consciente, é a forma que seu cérebro funciona. Imagine que um jovem nunca desenvolveu o hábito de poupar. Por mais que ele saiba que precisa, não fará isso. Porque por mais que ele tenha conhecimento racional, age emocionalmente”, explicou a coach Zaira.
O perfil dos jovens endividados é bem característico, segundo a especialista. “Nesse momento, a sedução do mercado financeiro é muito grande. E ainda existe o pensamento: Se eu posso comprar parcelado agora, por que juntar dinheiro para comprar daqui a um mês?”. Segundo Zaira, para mudar essa realidade, é necessário investir em educação financeira nas escolas desde o primeiro ano do ensino fundamental. “É necessário que exista também a parceria família e escola”, conclui Zara.