A primeira fase da pré-campanha, que vai até o prazo limite de renúncias e desincompatibilizações de 7 de abril, entra em sua reta final. Os prefeitos que estão na disputa têm pela frente praticamente um mês para decidir se ficarão no comando de seus municípios ou se renunciarão ao mandato e passarão o cargo para o vice. Caso de Carlos Amastha (PSB) e Ronaldo Dimas (PR).
Em meio à saraivada de críticas em que se encontra desde janeiro, Amastha viu sua pré-campanha se tornar um grande desastre. Primeiro porque a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que ele presidiu por 40 dias, não tem qualquer significado para o Tocantins, já que a entidade só representa grandes municípios. Além disso, os poucos encontros públicos pelo interior foram muito fracos — com exceção daquele promovido pelo deputado estadual e agora secretário de Habitação de Palmas, Júnior Evangelista (PSC), em Miracema. Isso é resultado do radicalismo do discurso contra a “velha política”.
[bs-quote quote=”Recorrendo ao inverso de uma historinha que o próprio Amastha usou para se vangloriar: o cisne virou patinho feio. E em apenas dois meses” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Depois o prefeito da Capital se colocou sob pedradas vindas dos contribuintes indignados com o polêmico aumento do IPTU. Como inferno pouco é bobagem, surgiu a desgastante nomeação de acusado de corrupção no Paraná para atender o amigo ministro da Saúde, Ricardo Barros; os investimentos temerosos do PreviPalmas, a suspensão das obras do shopping a céu aberto de Taquaralto; e semana começa com a Fundação do Esporte e Lazer de Palmas (Fundesportes) se transformando em caso de polícia. Recorrendo ao inverso de uma historinha que o próprio Amastha usou para se vangloriar: o cisne virou patinho feio. E em apenas dois meses.
O resultado eleitoral de toda esse monstruoso acúmulo de desgaste em tão pouco tempo só veremos lá na frente. De toda forma, é fato que o prefeito da Capital está passando por um “corredor polonês”, levando brutais bordoadas. Enquanto isso, seus adversários mais diretos — o governador Marcelo Miranda (MDB), Dimas e Kátia Abreu (sem partido) — seguem suas pré-campanhas com discrição, evitando se exceder em mídia como que para não serem lembrados neste momento em que Amastha apanha feito judas em Sábado de Aleluia.
Afinal, devem pensar, enquanto o prefeito de Palmas parou a pré-campanha para suas lutas inglórias, em que a cada frase que solta ou post que põe nas redes sociais provoca outro desgaste, eles aproveitam para buscar a musculatura de que precisam para consolidar seus nomes na disputa.
Ainda que sem muito alarde, Marcelo, Kátia e Dimas — sobretudo os dois últimos — têm se movimentado muito pelo Tocantins e fora dele também. Na quarta-feira, 21, por exemplo, o pré-candidato do PR promoveu um jantar em Brasília para 80 prefeitos tocantinenses. Dimas circulou de mesa em mesa, garantindo, como quem conhece as agruras de administrar um município, uma gestão que terá as prefeituras no radar. Ou seja, os prefeitos não serão esquecidos, assegurou.
Kátia tem feito palestras para empresários, reunindo-se com lideranças, e testemunhas dizem que ela se mostra repaginada, mais amadurecida e pontuando críticas de forma mais ponderada ao governo do Tocantins.
Marcelo retomou sua agenda de viagens pelo Estado, e aliados contam que recobrou o ânimo das eleições passadas e está novamente entusiasmado diante da possibilidade de sua quarta disputa pelo Palácio Araguaia.
Além deles, o senador Ataídes Oliveira (PSDB) se mexe pelo Estado com seu “Pacto pelo Tocantins”. O presidente da AL, Mauro Carlesse (PHS), segue com seu cronograma de lançamento da pré-candidatura. Paulo Mourão (PT) participa de eventos diversos e os nomes menos conhecidos, como Marlon Reis (Rede) e Marcos Sousa (PRTB), também se movem.
Ou seja, enquanto Amastha faz sua via crucis, atravessando lentamente o doloroso “corredor polonês” — diga-se: que ele mesmo criou —, os adversários passam por trás em silêncio para não serem percebidos pela turba de indignados.
CT, Palmas, 27 de fevereiro de 2018.