Os governadores membros do Fórum da Amazônia concederam entrevista coletiva no fim da manhã desta sexta-feira, 2, como parte da programação de encerramento desta 18ª reunião do grupo. Os principais tópicos abordados pelos chefes de Estado foram referentes às polêmicas manifestações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) quanto ao meio ambiente, como o questionamento à uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre desmatamento e a busca por parceiros internacionais para explorar a floresta amazônica.
Desenvolvimento sustentável
Após a abertura da coletiva pelo governador Mauro Carlesse (DEM), o primeiro a falar foi Wilson Miranda Lima (PSC), do Amazonas, que comentou sobre a intenção do Bolsonaro de abrir a Amazônia para exploração internacional. “Nós temos a responsabilidade de preservar este grande ativo ambiental, mas por outro lado, temos que dar resposta para o nosso povo. O mais importante a ser preservado é a população. O que nós defendemos enquanto governadores é o desenvolvimento sustentável, em que haja esta conciliação do desenvolvimento com a preservação dos recursos naturais, que possam ser revertidos em forma de benefício para o cidadão”, respondeu o social cristão, destacando a necessidade de investimento para tirar 29% da população amazonense da linha da pobreza.
Criticar INPE expõe Brasil
Ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), foi levado o questionamento de Bolsonaro aos dados do monitoramento do desmatamento do INPE. O comunista fez coro a Wilson Lima e avaliou que tais críticas expõem o Brasil a outras nações. “Não há contradição entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Pelo contrário, se for visto como contraditório estamos abrindo espaço para produtos e produtores brasileiros serem punidos por organismos internacionais. Podemos perder mercado. Precisamos defender o sistema de monitoramento e fiscalização. Sempre é necessário rever os parâmetros, mas jamais destruindo o que tange a parâmetros científicos, técnicos e legais”, avaliou.
União pela defesa da Amazônia
Flávio Dino disse não desejar o fracasso da administração de Jair Bolsonaro, mas fez críticas moderadas ao presidente da República. “É preciso ter seridade, calma e prudência. Menos conflito, menos confusão, e mais união. A mensagem principal deste consórcio é esta. São governadores de várias posições políticas e ideológicas, de partidos de diferentes, mas que definiram documentos convergentes, que nos unem, de defesa da preservação do meio ambiente, com desenvolvimento. E é isto que espero que o governo federal reflita, que desarme tantos conflitos que tem semeados e que cuide, de fato, de governar”, acrescentou.
Carta de intenção
Mauro Carlesse foi acionado para comentar sobre a reunião fechada entre os governadores. O tocantinense revelou que foi feito uma carta de intenção entre os estados para tratar da aplicação dos recursos do fundo formado pelo consórcio, para que a região seja “melhor explorada”, mas também com “viés de proteger o meio ambiente”. “Não esquecendo que a população está precisando de trabalho, de desenvolvimento e espaço”, completou.
Fortalecimento institucional da legislação ambiental
O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), defendeu um “fortalecimento institucional” da mensagem de que a Lei Ambiental deve ser “exercida e plenamente respeitada”. O emedebista diz que esta questão foi até estabelecida na carta de intenção dos membros do fórum. “Aqueles que estão corretos terão a proteção do Estado, os que agem à margem da legislação terão a força e as ações ostensivas no sentido de inibir o desmatamento no Brasil, e de maneira muito particular na Amazônia”, disse.
Crise imigratória
A curta coletiva de imprensa ainda garantiu ao governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), uma breve manifestação sobre a crise imigratória venezuela no Brasil. O social liberal afirma que chegam mil venezuelanos por dia no Estado e já ocupam 10% do sistema prisional, 40% dos leitos dos hospitais, 80% da UTI Neonatal e 10% da rede estadual de ensino. “É muito importante que esta pauta seja divulgada. É muito importante o envolvimento do governo federal para auxiliar Roraima na imigração venezuelana”, afirmou.
Insatisfação da imprensa
A coletiva de imprensa foi marcada às 10h15 pela organização do evento, mas só foi iniciada por volta das 11h50. Em menos de 15 minutos o espaço para perguntas foi encerrado pela assessoria, gerando insatisfação geral dos jornalistas presentes, que protestaram pelo curto espaço de tempo para os questionamentos após esperar por mais de uma hora pelos governadores.
Flávio Dino requisitado
Dos governadores, o maranhense Flávio Dino foi o mais assediado. Com o nome cotado para a Presidência da República em 2022, o comunista foi o único que deu atenção à imprensa após a assessoria do evento encerrar a coletiva. Depois disto, o político ainda ficou um bom tempo tirando foto com admiradores, sendo o último a compor a mesa do Fórum da Amazônia Legal.