Diretor do Sindicato Rural de Araguaína, secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade e ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faet), Júnior Marzola afirmou que cadeia produtiva da pecuária é muito maior do que a dos frigoríficos. Assim, sobre a suspensão dos incentivos fiscais para essa indústria, defendeu ele, atinge um setor que é o maior gerador de empregos do Tocantins. “O maior gerador de empregos não é o Estado, nem os municípios, mas a cadeia da pecuária”, ressaltou.
Marzola fez as contas: são 52 mil produtores rurais no Tocantins, portanto, se cada um gerar cinco empregos diretos, o resultado — 260 mil — equivale a mais de 20% da população tocantinense.
Por isso, o ruralista defendeu que essa cadeia precisa de um tratamento diferenciado, e que os incentivos fiscais deveriam ser transformados em lei, como ocorre no Pará.
Desequilíbrio
O diretor do Sindicato Rural de Araguaína explicou que a diferença de alíquotas de impostos vai gerar um desequilíbrio que pode quebrar o setor. “Não estou falando só de frigoríficos, é muito maior do que frigorífico, que é apenas uma etapa de nossa cadeia produtiva” ressaltou. Segundo ele, o Tocantins cobra 2% de imposto, Goiás 1,6%, Pará 1,3% e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul cerca de 1,45%. “Essa diferença a mais do Tocantins representa R$ 15 na arroba do boi gordo”, calculou.
Dessa forma, Marzola disse que compensa para o setor no Tocantins trocar a produção de boi gordo por bezerro, o que, alertou, quebraria os frigoríficos tocantinenses. “Veja: com um boi gordo, de 20 arrobas, a R$ 15 a arroba, vamos ter uma diferença em relação ao Pará de R$ 300 por boi gordo. Isso é incoerente”, afirmou.
Execute
Para ele, se os 11 frigoríficos não estão pagando os impostos — o secretário da Fazenda, Sandro Armando, afirmou em entrevista coletiva nessa segunda-feira, 7, que essas empresas devem R$ 57 milhões —, então, o Estado deveria executá-los, não tirar o incentivo fiscal. “Nós não temos nada a ver com isso”, ressaltou o ruralista.
Marzola defendeu mais diálogo. “Precisamos dialogar mais e não vir com um decreto de cima para baixo e todo o alto escalão do governo ir para Dubai para dizer que queremos gerar emprego e industrializar, e quebrar a cadeia produtiva mais forte do Estado. Está sendo incoerente”, sustentou, em relação à viagem que o governador Mauro Carlesse (DEM) fazia quando a suspensão dos Termos de Acordo de Regimes Especiais (Tare) foi publicado pela Sefaz no início da semana passada.
O Sindicato Rural de Araguaína já se reuniu três vezes para discutir a questão, a última delas na noite dessa segunda-feira. Agora a entidade está mobilizando os pecuaristas de todo o Tocantins para estender a eles a pauta do encontro que a categoria terá na quinta-feira, 10, com o governador.
“Vamos mostrar os efeitos negativos porque estão sendo imediatistas, estão olhando só o agora. Nós não estamos olhando só o agora. Queremos que o governo continue cada vez mais parceiro nosso, e o governador é sensível a isso, ele entende isso, mas não estão colocando da forma como se precisa colocar”, avaliou Marzola.
Assista a seguir a participação do diretor do Sindicato Rural de Araguaína no quadro Entrevista a Distância: