O mundo político de Araguaína parece esperar por uma definição do Ronaldo Dimas, para que se inicie o processo da sucessão municipal da capital econômica do estado.
A eleição 2020 passa, obrigatoriamente, por ele? Sim! Mas não quer dizer que o resultado será, necessariamente, favorável a ele.
[bs-quote quote=”Outro dado pode ser um importante componente para a já difícil eleição 2020: o fator Carlos Amastha. O Governador Mauro Carlesse não perdoa Ronaldo Dimas por sua derrota em Araguaína, nas eleições de 2018, quando Amastha teve uma surpreendente vitória” style=”default” align=”right” author_name=”EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS” author_job=”É deputado estadual licenciado” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/eduardo-siqueira-60.jpg”][/bs-quote]
A habilidade política de fazer uma aliança com Elenil da Penha, MDB, fez do Ronaldo Dimas um também engenheiro da articulação política. Em seguida, veio a gestão transformadora, que lhe conferiu uma reeleição tranquila. Mas isso garante que ele fará o seu sucessor? Não, principalmente se levarmos em conta ser Araguaína uma cidade que respira política em cada esquina, um lugar de duros embates e de forte tradição eleitoral.
Assim sendo, qualquer análise do quadro sucessório passa pelo movimento que fará Ronaldo Dimas, em torno das eleições do próximo ano. Da sua escolha, possivelmente, sairá o resultado das eleições. Se ele partir para a manutenção da aliança com o Deputado Elenil e, portanto, com o MDB, dará trabalho aos adversários para derrotá-lo.
O problema é que o MDB é o MDB, hoje presidido pelo também Deputado Jorge Frederico, sobre quem falaremos mais adiante. A manutenção da aliança seria uma decisão sábia e retiraria do próprio prefeito a responsabilidade de vencer sozinho. No entanto, Ronaldo Dimas não dá sinais de que esta será a sua posição. Outra decisão coerente, do ponto de vista político, seria o apoio ao leal e bom companheiro Marcus Marcelo, Presidente da Câmara Municipal e aliado do Dimas de todas as horas. Esta decisão, no entanto, traria para o prefeito a obrigação de vencer, mas com sérios riscos de desmanchar a aliança que lhe conferiu duas grandes vitórias políticas com o tradicional PMDB de Araguaína.
Se uma escolha coerente do prefeito já não torna fácil a sua sucessão, imaginemos como seria compreendida a definição em favor do seu primeiro ministro, Wagner Rodrigues. Figura querida por todos, principalmente pela competência e humildade, Wagner seria aquela famosa escolha do bolso do paletó. Aí sim Ronaldo Dimas estaria apostando alto e arriscando o seu legado político, o que lhe permitiria ser forte candidato ao Palácio Araguaia em 2022. Apostar alto, porém, é algo do estilo do Ronaldo Dimas. Basta verificar os seus feitos nas eleições estaduais de 2018. Nelas, o prefeito derrotou os seus maiores adversários, Deputado Lázaro Botelho e César Halum, elegeu o seu filho Thiago Dimas para deputado federal e só não fez cabelo, barba e bigode pela derrota de Marcus Marcelo para a Assembleia. A peripécia foi grande, mas a conta pode chegar exatamente na sua sucessão. Nela, o hoje Secretário da Agricultura, César Halum, vem com sangue nos olhos para dar o troco no prefeito.
Ronaldo deixou de apoiar um nome da cidade para aliar-se ao jovem Senador Irajá. Resta saber se essa manobra lhe renderá frutos. Aí teríamos um palanque dito de governo, com direito a Valderez, Olyntho Neto e Mauro Carlesse. O embate seria grande, mas também abriria oportunidade a uma terceira via, perigosa para o atual gestor. Aí volta à cena o Deputado Jorge Frederico, político forte de bastidores, mais “mineiro” que o próprio prefeito e que hoje preside o PMDB de Araguaína. A soma do Jorge Frederico com Elenil da Penha (ou Elenil da Penha com Jorge Frederico) colocaria fogo na eleição e tornaria o seu resultado imprevisível.
Outro dado pode ser um importante componente para a já difícil eleição 2020: o fator Carlos Amastha. O Governador Mauro Carlesse não perdoa Ronaldo Dimas por sua derrota em Araguaína, nas eleições de 2018, quando Amastha teve uma surpreendente vitória. Esse resultado, que contou com o PMDB, não desce na garganta do atual governador, que atribui ao prefeito só ter trabalhado pelo filho e pelo Senador Irajá.
Amastha incentiva Jorge Frederico para manter o seu “legado” das últimas eleições , lembrando que Palmas também puniu Amastha com uma dura derrota na capital.
A esse cenário falta acrescentar o nome de Célio Moura, petista que finalmente ganhou a sua primeira eleição e que não deve deixar o sonho de ser prefeito de Araguaína.
Ronaldo Dimas é o nome a ser batido em 2020, até para quem não deseja vê-lo com a mão na taça nas eleições de 2022. Resta saber se ele vai conseguir derrotar o seu maior adversário, o próprio ego, lembrando: quanto maior a aposta, maior a conquista, mas também maior o tombo!
EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS
É deputado estadual licenciado, foi prefeito de Palmas, deputado federal, senador e secretário de Estado no Tocantins
palmas14777@icloud.com
(Afastado da política, Eduardo Siqueira Campos escreverá quinzenalmente neste espaço)