A cada geração cabe o seu fardo. Os brasileiros já superaram epidemias, hiperinflação, governos autoritários e processos políticos muito delicados, como dois processos de impeachment de Presidentes da República.
No momento, convivemos com uma pandemia de ordem mundial, agravada pelo aumento dos casos de H1N1 e dengue, criando severos problemas para os sistemas público e privado de saúde, em especial para o Sistema Único de Saúde – SUS, que só no ano passado perdeu mais de 20 bilhões para o pagamento de juros sobre a dívida pública, mesmo assim é o único sistema capaz de oferecer todo tipo de atendimento a todo brasileiro, mas seria preciso ser bem administrado.
[bs-quote quote=”Apesar de todos os problemas, o Brasil pode sair mais forte dessa crise, como sempre fizemos” style=”default” align=”right” author_name=”CARLOS JOSÉ DE ASSIS JÚNIOR e JÚLIO EDSTRON S. SANTOS” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2020/04/carlos_assis_julio180.jpeg”][/bs-quote]
No plano internacional a Organização Mundial do Comércio prevê uma retração de mais de 5% em todo o mundo e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em relatório de abril de 2020, já aponta uma queda acentuada na produção e venda de produtos pelos países sulamericanos.
Como reflexo, estamos passando por um momento de grave incerteza e grandes dificuldades em todos os setores econômicos: redução acentuada de consumo, queda na produtividade industrial, aumento da capacidade ociosa da prestação de serviços e o número de desempregados que não pára de aumentar. O agronegócio, a duras penas, permanece com seus níveis de produção ainda estáveis pois, a safra a ser colhida já está contratada, puxada pela retomada das exportações das commodities. Quanto aos produtos agrícolas de consumo interno, infelizmente, correm o risco de redução de preços, o que é bom para o consumidor, baixa inflação, mas prejudica o produtor afetando o plantio da próxima safra.
A crise está mais presente neste momento, ou, como diria o pensador Zygmunt Bauman “a sensação que temos é que ao se terminar uma crise, outra já começa a roer nossos calcanhares” (2016).
Mas, frente a tudo isto, nos lembramos do provérbio indiano “águas mansas não fazem bons marinheiros”. Apesar de todos os problemas, o Brasil pode sair mais forte dessa crise, como sempre fizemos, por três motivos: o primeiro, é que as instituições, em todos os níveis, federal, estaduais e municipais, estão se movimentando para que a população seja atendida. A mensagem da urgência e da união está se disseminando pelo país, pondo em prática a teoria da atuação da Administração Pública em rede; o segundo, por causa dos desarranjos das cadeias globais, vários empresários já começaram a planejar a retomada dos investimentos, principalmente em países emergentes como o Brasil, e toda essa alavancagem passa pelas grandes obras estruturais, que vinham sendo adiadas; o terceiro, é que a sociedade civil organizada vem se adaptando ao contexto de afastamento social, e com ainda mais força, utilizando-se das redes sociais para fiscalizar e exigir os seus direitos, cumprindo a premissa constitucional do exercício da cidadania.
O caminho para a superação da atual crise se dará, um passo por vez, mas, o primeiro é a formulação e implementação de políticas públicas aderentes às reais necessidades da população alinhadas a um planejamento estratégico atrelado à capacidade de direção e definição de rumos corretos, fiel aos interesses da sociedade, com objetivos pretendidos e indicadores reais que possam elevar o patamar da administração pública e iniciar um processo de desenvolvimento de médio e longo prazos, com participação de gestores e da sociedade. Portanto, há um caminho de pedras seguro para passarmos por este rio de problemas.
Por tudo isso, nosso país pode sair mais forte desse ambiente de crises, mas não podemos perder mais chances de focarmos no desenvolvimento social sustentável, calcado em planos estratégicos inclusivos em que os agentes estatais, empresários, profissionais liberais e a sociedade se conscientizem que o Brasil não é um sonho de futuro apenas, mas a soma dos esforços coordenados de cada um de nós, ou nas palavras do gênio Leonardo da Vinci “que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça”.
CARLOS JOSÉ DE ASSIS JÚNIOR
É graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Campina Grande (PB), pós-graduado em Comércio Exterior pela Fundação Dom Cabral e em Políticas Públicas para MPE pela Unicamp. Trabalhou 20 anos no Sebrae e seis anos na Fieto; atualmente é servidor do TCE.
carlosjose.assisjunior@gmail.com
JÚLIO EDSTRON S. SANTOS
Doutor em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UNICEUB. Mestre em Direito Internacional Econômico pela UCB/DF. Diretor Geral do Instituto de Contas 5 de Outubro do TCE-TO Professor e Coordenador Acadêmico do IDASP/Palmas. Professor da Uninassau de Palmas. Membro dos grupos de pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor (NEPATS) da UCB/DF, Políticas Públicas e Juspositivismo, Jusmoralismo e Justiça Política do UNICEUB. Editor Executivo da REPATS.
edstron@yahoo.com.br