A despeito das polêmicas que geraram algumas declarações do secretário estadual da Saúde, Edgar Tolini, na sua participação em comissão temática da Assembleia na terça-feira, 5, o que mais chamou a atenção foi a informação do gestor de que o Tocantins não tem como manter um custo mensal de R$ 13 milhões dos hospitais de campanha. E avisou: “Se este dinheiro não vir de emenda, dos recurso do Tesouro ou do Ministério da Saúde, não tem como executar isto”.
O Estado anunciou há cerca de 15 dias a instalação de três unidades: 100 leitos em Palmas, 50 em Araguaína e 50 em Gurupi. No entanto, tudo indica que a definição foi feita sem saber de onde se tiraria o dinheiro para isso e essa parece ser a razão para a proposta não ter andado um milímetro até agora.
[bs-quote quote=”Não há mais tempo a perder, nem para discussões, nem para egos, nem para briguinha políticas paroquianas. O Tocantins precisa estar totalmente focado na busca de soluções que salvem vidas” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
Uma saída seria a destinação de recursos federais conseguidos pela bancada do Tocantins, seja na articulação junto ao Palácio do Planalto e aos ministérios, seja por emendas individuais. Desde essa quarta-feira, 6, roda uma conversa de que o presidente Jair Bolsonaro poderá abrir R$ 10 milhões por parlamentar, para que eles coloquem no combate à Covid-19 em seus Estados.
Assim, uma saída seria a bancada em peso destinar todos esses recursos para a instalação desses hospitais de campanha. Para isso, teriam que elevar seu espírito público, esquecer as divergências políticas menores e pensar exclusivamente no socorro à população. Até porque esse caldeirão, que está fervendo, vai explodir. Antes a coluna dizia isso e ficava falando no deserto porque não havia fatos tão claros. Agora a ferida está exposta e só não vê quem não quer.
Outra saída — talvez a mais prática, barata e rápida — era o governo utilizar a estrutura hospitalar existente e em fase adiantada de construção para instalar UTIs. Para isso, alguns médicos já disseram que o Hospital Santa Helena, o Oswaldo Cruz e até o Hospital do Amor, em Palmas, poderiam ser utilizados.
Em Araguaína, o prefeito Ronaldo Dimas (Podemos) disse em sua participação no quadro Entrevista a Distância, deste site, nessa quarta, que o Hospital de Doenças Tropicais está pronto para receber 20 leitos e o próprio Hospital Regional outros 10, todos de UTI. Ou seja, temos já “a pronta entrega” 30 leitos de UTIs na cidade, onde a situação é mais crítica.
Fato é que essa decisão precisa ser tomada para ontem. Não dá mais para o Estado postergar a instalação desses leitos porque em Araguaína o sistema está em vias de colapsar e só sobrará Palmas, que não vai muito longe. O crescimento do número de casos ganhou uma velocidade imensa desde semana passada. Veja só esses dados: na segunda-feira, 4, as positivações no Estado cresceram 8,5%, na terça, 13,5%; nessa quarta, 15,8%; e nesta quinta, 20,5%. O total de ocupação de leitos clínicos e UTIs por pacientes da Covid-19 triplicou desde o dia 30.
O Tocantins perdeu quase 60 dias e não se ampliou quase nada na estrutura necessária para atender casos graves do novo coronavírus. Nas cidades ainda se viu um “liberou geral”. Diante dos poucos casos, todo mundo se sentiu seguro e quis retomar a vida normal antes da hora. A junção desses dois ingredientes deu nisso: aumento estratosférico de casos da doença e falta de leitos para receber pacientes.
Por isso, não há mais tempo a perder, nem para discussões, nem para egos, nem para briguinha políticas paroquianas. O Tocantins precisa estar totalmente focado na busca de soluções que salvem vidas, seja via hospitais de campanha ou pelo aproveitamento da estrutura hospitalar existente.
É o que todos de nossas autoridades: responsabilidade com a coisa pública, senso de urgência e valorização da vida.
CT, Palmas, 7 de maio de 2020.