Agentes de trânsito de Palmas garantem que não foi a discussão sobre a tarifa da transporte público, como fontes da prefeitura apontaram, a razão dos atritos entre a ex-presidente da Agência de Regulação e Controle de Palmas (ARP), a advogada Juliana Nonaka, e a ex-secretária de Segurança e Mobilidade Urbana Welere Barbosa. As divergências entre elas fizeram com que as duas deixassem a gestão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB).
Perseguição a agentes
Conforme os agentes que fizeram contato com a coluna, o motivo real teria sido uma suposta perseguição de Nonaka aos agentes de trânsito e transporte. A associação da categoria chegou a encaminhar ofício à prefeita [veja ao final], no dia 24 e junho, em que fala do “descontentamento e indignação” da classe com a então presidente da ARP. O documento, assinado pelo presidente da entidade, Moisés Valadares, acusou a ex-presidente da agência de estar “lutando para dividir a classe dos agentes de trânsito e transportes do Município de Palmas”.
Capacidade de fiscalização
Valadares afirmou no ofício que, com a criação da ARP, foi tirada a capacidade da categoria de fiscalização sobre os transportes “através de uma mera resolução” e “repassada exclusivamente para aquela agência, a qual não possui sequer equipe para desempenhar a referida fiscalização”.
Anjos do asfalto
Ainda diz que Nonaka “vem apresentando dados inverídicos quanto ao trabalho de fiscalização dos agentes, o que nos causa bastante tristeza”. “Pois trabalhamos diuturnamente, em feriados, finais de semanas, ficando expostos a riscos e não apenas atrás de uma mesa confabulando, por isso somos conhecidos como ‘anjos do asfalto’”, afirmou o presidente da associação.
Eterna secretária
Valadares acusou Nonaka de perseguir “a nossa eterna secretária Welere, uma pessoa que sempre defendeu a população palmense e nossa classe contra todos os ataques feitos por essa senhora [Nonaka], que tentou impor para Palmas algo antes nunca visto: ônibus velhos para o transporte público”.
Segundo o presidente, Welere deixou a marca de “honestidade, retidão, empenho, liderança, externando legitimamente sua extraordinária competência e, mais importante, seu caráter”.
Não se conforma
Para Valadares, Nonaka “não se conforma” “por nossa ex-secretária, de incontestável competência e decoro sempre defender a legalidade e o parâmetro técnico e não deixar que a classe fosse dividida simplesmente por ego e desejo de poder da presidente da Agência de Regulação que apenas tem o intuito de dizer que comanda o transporte público”.
O presidente da associação ainda disse que Nonaka “sempre quis denegrir” a imagem dos agentes e chegar de ato da ex-presidente da ARP “por inveja e cobiça”.
Proposta era de cooperação
A ex-presidente da ARP negou à coluna, dela e por parte de sua equipe, “essa alegada perseguição” aos agentes. “O que estava tentando fazer era um termo de cooperação entre as duas pastas para fiscalização da plataforma tecnológica OPT, que é de competência atribuída por lei à ARP”, afirmou Nonaka.
Segundo ela, o termo de cooperação tinha a previsão de uma contrapartida pela utilização da mão de obra dos agentes, inicialmente de 25% — índice que estava sendo negociado —, para a Secretaria de Mobilidade.
É concessão pública
“Estávamos questionando também que trânsito e transportes não é atribuição da secretaria. Como o transporte público se trata de uma concessão pública está dentro da competência da ARP, mas na perspectiva regulatória, como no caso da BRK”, explicou.
Não é pessoal, mas coletivo
Nonaka ponderou que a discussão não estava se dando no plano pessoal, entre ela e a ex-secretária, mas do ponto de vista do interesse público. “No fundo, o que acho é que houve uma construção, que não sei por parte de quem, no sentido equivocado, como se o problema fosse comigo e com a Welere, acho que não é essa ideia. Tem que ser visto da perspectiva do coletivo e não no individual. O que está se vendo aí é um movimento muito corporativista”, defendeu a ex-presidente da ARP.
Era parceria
Ela disse que nunca teve a intenção “criticar ou tirar a competência de ninguém”. “Era uma parceria mesmo para a gente conseguir fazer a fiscalização principalmente da OPT e em especial da Uber, que não tem interesse em regularizar sua situação no município e acaba deixando as pessoas numa situação de risco”, afirmou.
A ex-presidente ressaltou que a base legal do trabalho para a regulamentação da Uber, inclusive, é anterior à sua gestão na ARP. “Já vinha sendo praticado. Não é um fato que esteja ligado à pessoa da Juliana”, observou.
Confira a seguir a íntegra do ofício da categoria à prefeita Cinthia Ribeiro: