O presidente do Distrito do Projeto de Irrigação São João, Cristiano Barros Domingues, rebateu a afirmação da Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto) de que os produtores não querem assumir o custo da energia do empreendimento. Segundo ele, o setor se dispõe a pagar a conta, mas desde que cada um arque apenas pelo seu consumo, não por todo o gasto de energia do projeto. Domingues explicou que o total da conta chega a R$ 419 mil mensais, mas o São João tem hoje menos de 30% de sua área ocupada. “Como a Distrito vai assumir a conta total com menos de 30% de ocupação?”, questionou.
O produtor defendeu que o Estado foi omisso no início do projeto, quando assentados da extinta Ilha do Canela microparcelaram seus lotes de 4 hectares e venderam. Segundo ele, como consequência, dos 3,6 mil hectares do São João, 400 são microparcelados, o que eleva o consumo de água para além do que foi projetado, ao mesmo tempo aumentando também o gasto de energia. Ainda há caso de quem possui grande extensão de área sem produzir.
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CULPA DA OMISSÃO DO ESTADO
Domingues disse que o Estado errou no passado ao não exigir os lotes de volta e ao permitir o desvirtuamento do projeto de irrigação. Um exemplo dessa omissão de governos passados, apontou, são justamente as grandes casas com piscina e píer construídas no empreendimento. “Isso é ilegal, mas culpa também da omissão do Estado”, afirmou.
O presidente do Distrito ainda avaliou que o projeto enfrenta historicamente muitos problemas, desde seu início. “O Estado sempre gastou muito mal, milhões de reais, em contratação, por exemplo, de empresa de assessoria cujo contrato venceu antes da implantação do projeto, deixando os produtores desamparados; contratação de empresa para revitalização, mas nada foi feito, temos figuras importantes com lotes em nome de terceiros. O Estado é culpado por toda essa situação”, concluiu.
Domingues explicou ainda que mesmo a consolidação do distrito ainda é uma situação delicada. Isso porque é necessário contratar uma equipe para gestão, com custo estimado em R$ 70 mil mensais. “Como vamos assumir a energia e esse custo de gestão na situação em que nos encontramos?”, perguntou.
Para piorar, ele contou que o número de furtos no projeto aumentou nos últimos dois anos, o que exigiu que os produtores tivessem que contratar segurança particular. Entre os materiais visados, os cabos grossos das casas de energia, cuja reposição chega a custar R$ 100 mil.