Presidente Lula,
Quero cumprimentá-lo duplamente. Primeiro pela vitória histórica de domingo, que livrou o Brasil dos caminhos obscuros do extremismo, a exemplo do que seguiram alguns países do mundo. Depois pelo discurso de verdadeiro estadista que fez logo após o resultado das eleições. Estávamos com saudades de ouvir do líder da Nação algo que ligasse lé com cré.
Caro Lula, o que vínhamos ouvindo era algo surreal e nos enchia de vergonha, sobretudo quando dito de tribunas internacionais. Eram bobagens como “ameaça comunista contra o Brasil” ou mentiras para esconder crimes, como os ambientais. Bom, o Dia de Finados passou, vamos falar do futuro do Brasil e da nossa Democracia, que escapou por um triz de ser aniquilada.
Seu discurso da vitória me agradou por completo. Primeiro por ter discutido temas que estavam de fora da agenda pública desde 2019, como justiça social, preservação ambiental e, sobretudo, união nacional. Inicialmente, é preciso dizer que se o senhor e o PT acharam ter herdado uma situação ruim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2003, o que terão pela frente é incomparavelmente muito pior. Um rombo fiscal que dizem chegar a incríveis R$ 400 bilhões, desmonte de políticas públicas dos mais diversos setores e um Congresso extremista e já viciado numa promiscuidade legislativa chamada Orçamento Secreto. A tarefa desta vez será muito mais difícil do que há 20 anos.
Fazer um governo de frente ampla não é uma opção, mas a única solução possível para resgatarmos as grandes conquistas históricas do País, entre elas, a estabilidade da moeda, o controle da inflação e as políticas de inclusão social que o senhor havia implantado. Por isso, foi como um bálsamo derramado sobre nós quando disse que esta não é uma vitória sua, nem do PT, nem dos partidos que o apoiaram na campanha, mas “de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”. Presidente, aplaudi de pé esse trecho porque essa compreensão do que representa seu retorno ao comando do Brasil é o primeiro grande passo para que possamos superar todo o desmonte feito por essa gente que nos conduzia para um abismo econômico, ambiental e social a passos acelerados.
Caro Lula, me emocionei às lágrimas com nossa Janja quando o senhor tocou no que, para mim, é ainda mais essencial: a reunificação do País. Este, presidente, é o seu e o nosso maior desafio. O brasileiro, tão alegre, tão receptivo, tão disposto à paz, contaminado pela toxidade de quem lidera expelindo ódio, se tornou um povo triste. As famílias estão rompidas, amigos de décadas não se falam mais. Um lado fulmina o outro com palavras e olhares tomados por uma negatividade que faz mal às pessoas e à Nação.
Não será um tarefa fácil, presidente, mas ela é tão fundamental para o nosso desenvolvimento quanto gerar empregos, controlar a inflação e promover a inclusão social. O sucesso de seu governo, não tenho dúvida disso, passará necessariamente por esse desafio de reunificar o Brasil. Por isso me emocionei ao assisti-lo dizer que a partir de 1º de janeiro de 2023 vai governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram no senhor. Mais ainda: que “não existem dois Brasis” e que “somos um único país, um único povo, uma grande nação”. “Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.” Bravo! Ainda me emociono ao ler agora estas palavras.
Reforça mais a diferença de liderança: a que propaga esse ódio corrosivo, dividiu famílias, promove a violência e considera um país pela metade; e a que pensa no bem-estar coletivo, num único Brasil grande, pujante e, principalmente, solidário e inclusivo.
Caro presidente, me despeço pedindo que olhe em especial para o nosso Tocantins. Nosso povo foi extremamente pressionado por todos os seus poderosos, mas disse claramente um redondo “não” a um projeto elitista, divisionista, reacionário e desumano. Como no primeiro turno, esse povo humilde do nosso interior lhe garantiu a vitória no Estado. Na maioria das cidades, uma vitória pra lá de maiúscula. Seguem uns exemplos para que tenha noção de como nossa gente acredita em seu governo: em Paranã, o senhor obteve nada menos do que 79,66% dos votos; em Chapada da Natividade, 76,25%; em Conceição do Tocantins, 75,78%; em Taipas, 75,69%; em Lizarda, 75,25%; em Maurilândia, 75,18%; e em Arraias, 74,38%.
Foi dessa forma, presidente Lula, por todo o nosso interior, formado por uma gente simples que acredita profundamente que um homem que emergiu do seu meio pode olhar para seu sofrimento e correr em seu socorro.
Que Deus o abençoe e o guie nessa difícil jornada que está começando.
Viva o Brasil! Viva a Democracia!
Saudações democráticas,
Cleber