O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), se sentarão nesta quinta-feira, 23, para tentar aparar as arestas. Estado e prefeitura vêm se estranhando há uns 15 dias por conta da reação de Cinthia à morte de duas pacientes que aguardavam numa UPA da Capital transferência para o Hospital Geral de Palmas (HGP).
FOGO CRUZADO
A prefeita foi às redes sociais culpar a Secretaria Estadual da Saúde e avisar que iria à Justiça, o que realmente acabou fazendo. Depois bateu duramente no secretário Afonso Piva após um debate entre ele e o secretário municipal da Saúde, Thiago de Paula Marconi, na TV Anhanguera. No encontro dos dois, Piva duvidou que Cinthia tivesse vontade de resolver o problema da saúde: “Thiago está se esforçando, talvez a prefeita não está”, chegou a afirmar. “Bravata vindo de calça frouxa não me atinge. Desleal, omisso, fraco, incompetente”, rebateu com fúria.
WANDERLEI QUERIA DIÁLOGO
Até então Wanderlei estava pondo panos quentes, pedindo para sua equipe que buscasse o diálogo com o município para resolver o impasse. Ele e Cinthia até tiveram um encontro amistoso na abertura da Agrotins no dia 18. Mas dois episódios do final de semana elevaram a temperatura e o governador demonstrou publicamente sua insatisfação. O primeiro foi o fato de Cinthia ter cumprido a ameaça de ingressar na Justiça contra o Estado.
MORAL PARA O ADVERSÁRIO NÚMERO 1
Depois, Cinthia levou o adversário número 1 do Palácio, o senador Irajá (PSD), para comemorar os 34 anos de Palmas no sábado, 20, numa semana em que o parlamentar tentou jogar o governo Lula contra o governo do Tocantins, na polêmica ausência do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na abertura da Agrotins.
PESSOALMENTE NO HGP
Wanderlei, então, entrou em campo, pessoalmente, e foi visitar o HGP no sábado, 20, acompanhado, entre outros, por ninguém menos que o promotor de justiça Thiago Ribeiro, autor da ação civil pública para obrigar a prefeitura a começar a construção do hospital municipal.
AS ENTRELINHAS DE WANDERLEI
Como a coluna Em Off mostrou, a fala de Wanderlei à imprensa, após a visita, foi polida, mas com muitas entrelinhas. Ao mesmo tempo em que disse que não quer divergência, mas encontrar caminhos, o governador responsabilizou a prefeitura por enviar à principal unidade de saúde do Estado, cuja prioridade é alta complexidade, “pacientes com pequenas lesões ou com pequena fratura no pé, situações de baixa e média complexidade”. Essas últimas são de responsabilidade do município.
OUTRO SUBTEXTO
O próprio fato de o governo estar oferecendo uma área para a prefeitura construir o hospital municipal tem subtexto. É uma forma de o Palácio dizer ao município que ele precisa assumir sua responsabilidade.
VEREADORES PEDEM ROMPIMENTO
Nessa terça-feira, 23, vereadores de oposição à Cinthia foram até Wanderlei — dizem que levado pelo irmão do governador, o também vereador Marilon Barbosa (UB), crítico à prefeita na Câmara — para pedir rompimento do Palácio com o Executivo da Capital. Participaram sete parlamentares e o que mais se mostrava irritado era Rogério Freitas (PSD), o mais contundente oposicionista em plenário do Legislativo palmense.
ÁGUA NA FERVURA
Tudo indica que, nesse ínterim, a turma do “deixa-disso” deve entrado na história para jogar água na fervura, por isso, o encontro de Wanderlei e Cinthia vai ocorrer nesta quinta (hora e local devidamente não divulgados). Um vereador muito ligado aos dois lados é o presidente da Câmara da Capital, José do Lago Folha Filho (PSDB).