Arquiteta, professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e ex-secretária de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Urbano do governo Carlos Amastha (PSB), a pré-candidata a prefeita de Palmas pelo PCdoB, Germana Pires, afirmou ao quadro Conversa de Política que não sabe se tem a possibilidade de ganhar as eleições de outubro, mas defendeu que “é preciso mostrar à população que é possível ter uma candidatura diferente”. “De pessoas que não são do cenário político tradicional, que tenham projeto de cidade qualificado. Não existe mais espaço para a política tradicional. Existe um sentimento de mudança. A população quer a mudança”, avaliou Germana.
Os dois desafios de Palmas
Sobre os principais desafios que vê para Palmas em direção ao futuro, a pré-candidata apontou a necessidade de adensamento, já que os vazios urbanos tornam a cidade cara para ser mantida; e a geração de emprego e renda.
PCdoB e Ivory
Germana contou na entrevista que o processo de incorporação do PPL pelo PCdoB “foi muito tranquilo”. Os dois partidos não atingiram a cláusula de barreira nas eleições de 2018 e uniram força. Ela lembrou que o atual presidente regional do partido, o deputado estadual Ivory de Lira, eleito pelo PPL, “sempre esteve ao lado de partidos mais progressistas e teve um posicionamento progressista em toda a sua trajetória”.
Gestor invejável
A pré-candidata ainda lembrou da importância do PCdoB para as duas eleições de Amastha, em 2012 e 2016. A sigla chegou a ocupar quatro secretarias no governo do ex-prefeito. Germana não poupou elogios ao ex-chefe. “O Amastha nos deu um respaldo muito grande e tivemos liberdade para desenvolver diversos projetos estratégicos, que foram bandeiras e legados que deixamos ao município. Amastha foi um grande parceiro, um gestor invejável, uma visão estratégica de gestão, de município”, afirmou a ex-secretária.
Prefeita comunista e Bolsonaro
Sobre a possibilidade de Palmas ter uma prefeita comunista em pleno governo de direita do presidente Jair Bolsonaro, Germana garantiu que isso não seria problema e que não teria dificuldades de buscar recursos no governo federal. Como exemplo de que essa convivência por ser tranquila, ela citou o governador comunista do Maranhão, Flávio Dino. “[Flávio Dino] é um exemplo de bom de diálogo no Maranhão. Foi eleito sem o apoio das esquerdas, com o PSDB de vice, e está dando um show em determinados aspectos”, disse.
Quer que dê certo
A pré-candidata defendeu que esse diálogo com outros campos é necessário, apesar de o PCdoB não concordar, acrescentou, “com uma série de retrocessos em relação aos direitos da população”. “Mas, para além de tudo, a gente quer que dê certo, que a política econômica dê certo. Quanto mais errado dá, pior a nossa população fica, é maior o desemprego”, lembrou.
Sem foice e martelo
Sobre o Movimento 65, lançado em Palmas semana passada, e que representa uma maior abertura do PCdoB para segmentos diversos da sociedade, Germana rebate as críticas sobre a retirada da foice e do martelo, símbolos comunistas tradicionais. “Quando o PCdoB resolve trabalhar de forma ampla vem todas as críticas de todos os lados. A foice e o martelo são símbolos do trabalho num determinado período da história, eram usados como instrumentos de trabalho. No mundo atual. o que seria o símbolo do trabalho? As pessoas questionarem a mudança dos símbolos é não pensar que o mundo inteiro mudou”, afirmou Germana, que defendeu que o PCdoB “precisa se repensar, se reformular com certeza”. “O que não podem mudar são o conceito, a ideologia, é estar ao lado do social, dos trabalhadores, de defender o povo, [a busca] por reduzir as desigualdades, uma sociedade mais justa. Isso o PCdoB sempre defendeu historicamente e precisa estar em seu estatuto porque é o verdadeiro sentido do partido”, pregou.
Confira a íntegra da entrevista da pré-candidata Germana Pires: