Sempre a coluna afirma que a maior crise que o País e o Tocantins enfrentam não é financeira, mas de líderes. Daqueles que se comportam à altura do cargo. O mau exemplo começa pelo presidente da República, que dia desses avalizou um comentário nas redes antissociais que humilhava a esposa do líder maior da França, Emmanuel Macron, talvez o episódio mais lamentável da história das relações diplomáticas do Brasil. Como brasileiro, me senti extremamente envergonhado, sem entrar no mérito do debate político entre os dois líderes.
[bs-quote quote=”Integrantes de Executivos, Legislativos e partidos políticos são a síntese de quem somos, de nossos princípios e valores. Por aí então percebemos o quanto precisamos nos melhorar como Homo sapiens” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/ct-oficial-60.jpg”][/bs-quote]
Vivemos tempos totalmente obscuros na política e fora dela. O cidadão que gosta de cobrar ética de seus representantes tem um comportamento absurdamente antiético. É o que gosta de “jeitinho” para resolver seus problemas, estaciona em vaga de idosos e deficientes, quer comprar o guarda para evitar a multa e paga por fora para conseguir diploma, CNH, entre outros.
Sempre digo que político não é filho de marciano. Seu caráter foi forjado em lares terrestres, passou pelas mesmas escolas, igrejas, clubes e ambientes de trabalho que nós, reles mortais. Nesses locais conviveu com humanóides e por eles foi influenciado e construiu seus princípios e valores. O que quer dizer todo esse lenga-lenga? Que integrantes de Executivos, Legislativos e partidos políticos são a síntese de quem somos, de nossos princípios e valores. Por aí então percebemos o quanto precisamos nos melhorar como Homo sapiens.
No entanto, não se passa pano aqui para o despreparo moral de nossos políticos. Ao contrário, precisamos que nossos líderes nos deem o exemplo e que este exemplo nos arraste, contamine o espírito de todo o povo e nos eleve no patamar civilizatório. Mas estão em falta com o País, e o que os vemos aprontar nos assusta e nos envergonha — repito: o pior modelo vem de Sua Excelência, o presidente da República, Jair Bolsonaro, um clássico em termos de deselegância, falta de preparo para o cargo e de civilidade.
Mas por aqui também vimos demonstrações da mais baixa civilidade nesta semana. “Corrupto”, “covarde”, “vagabundo”, “cabra-safado” e por aí foram as trocas de elogios entre dois importantes representantes da política tocantina: ninguém menos do que o governador Mauro Carlesse (DEM) e o deputado federal Vicentinho Júnior (PL).
O bate-boca de boteco entre os dois rebaixou o debate público do Estado a um patamar submerso. Lamentável, num momento em que o Tocantins ainda esperneia para superar a mais grave crise fiscal de sua história, ver que as divergências pessoais foram priorizadas em tribunas e eventos públicos, e não as soluções que precisamos para nos reencontrar com o desenvolvimento.
O Tocantins merece muito mais e espera muito mais de seus líderes. Um episódio triste em nossa história.
CT, Palmas, 28 de agosto de 2019.