Da mesma forma que o general Eduardo Pazuello e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Weintraub, não deixará nenhuma saudade nem fará falta ao Brasil. Ao contrário. Sua saída faz um bem danado ao País. Só o impeachment do presidente Jair Bolsonaro seria mais benéfico, e não podemos perder essa esperança.
As posições esdrúxulas do já quase ex-chanceler misturam uma ideologia que vê o fantasma do comunismo em todo o canto e a cooperação internacional, tão fundamental para superar crises profundas, como a da Covid-19, como “globalismo”, que, segundo seus delírios, “substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo”. O resultado dessa loucura ideológica foi tornar o Brasil pária perante a comunidade internacional — diga-se, algo que ele viu como positivo: “Que sejamos pária”, chegou a dizer — e o fechamento das portas do mundo ao País quando tanto precisamos de nossos parceiros estratégicos neste momento em que mais de 3 mil pessoas estão morrendo por dia.
Atacou a China, culpando-a pela crise — chamou o novo coronavírus de “comunavírus” —, e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Tomou posição nas eleições americanas ao lado do ex-presidente Donald Trump, criando saia justa para o Brasil frente ao novo presidente, Joe Biden. Enfim, Araújo transformou a atuação diplomática brasileira, de enorme tradição e respeitabilidade mundial, em algo “desastroso”, como bem definiu a senadora Kátia Abreu (PP), presidente da Comissão de Relações Exteriores, quando o ministro foi ao Senado tentar explicar as dificuldades de conseguir acelerar a aquisição de vacinas contra a Covid-19.
Dificuldades, claro, criadas por obra e graça da estupidez desse ministro aloprado, que se coloca mais como porta-voz de uma seita do que de um país sério e economicamente relevante. Pior é constatar que a matéria-prima cerebral (ou intestinal?) de que é feito Ernesto Araújo é a que prevalece neste governo que vive numa realidade paralela, falando para seu séquito de malucos, como já os defini, espécie de seguidores de Inri Cristo, aquele aluado que se diz a reencarnação de Jesus.
No entanto, os homens e mulheres sérios deste país, que estudaram, sabem ler e escrever, não podemos aceitar essa marcha da ignorância pela qual nos conduz o presidente Bolsonaro e seus ministros lunáticos. É preciso interromper essa marcha ou ela nos jogará num abismo sem volta.
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Post Scriptum
Virar as costas – Cresce a revolta da população de Porto Nacional diante do aumento expressivo das mortes por Covid-19 na cidade. Num vídeo que circulou pelas redes sociais no final de semana, um empresário pede para a população virar as costas para os deputados do município. Ele contou pelo menos seis representantes de Porto.
Só não o filho – Senadores das mais diversas correntes se manifestaram em defesa da tocantinense Kátia Abreu (PP), nesse domingo, 28, após a agressão desferida contra ela pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Mas um silêncio chamou a atenção, o de seu filho, também senador, Irajá Abreu (PSD). Publicamente, não houve nenhuma palavra dele sobre o episódio.
99 mortos – De sexta-feira, 26, para esta segunda, 29, o Tocantins confirmou 99 mortes por Covid-19. Isso não tem precedentes na história do Estado e do País. Só em março, 452 tocantinenses perderam a vida. Isso não é normal, não pode ser naturalizado. Estamos em meio a um genocídio por falta de bons exemplos e ações da maior liderança brasileira.
Índio se perdendo na mata – As coisas estão tão estranhas que até índio está se perdendo na mata. Um indígena da etnia Karajá, na Ilha do Bananal, teve que ser resgatado. Depois de três dias perdido, Tekuwala karajá, de 26 anos, foi encontrado em uma área de mata e entregue a seus familiares na Aldeia Santa Izabel. Tempos estranhos!
CT, Palmas, 29 de março de 2021.