Cada vez mais a sociedade se torna mais digital. As novas gerações, como dizem, têm chips diferentes, as crianças já nascem, praticamente, com os dedinhos nas telas. Os jovens, na maioria, se conectam pela internet, e é comum grupos de pessoas estarem próximas materialmente, mas se comunicando virtualmente. Não trocam olhares, não conversam, não se tocam, todos envolvidos com os smartphones. A inteligência artificial cada vez se torna mais realidade, porém o sentimento, a emoção são atributos somente dos seres vivos. O amor é analógico e a carícia é essencial.
[bs-quote quote=”O amor se materializa na capacidade de felicitar o outro, de se sentir feliz ao fazer alguma coisa que traz a felicidade ao outro. Sentir-se amado significa ser importante para alguém” style=”default” align=”right” author_name=”NILMAR RUIZ” author_job=”É escritora e palestrante” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/12/NilmarRuiz60.jpg”][/bs-quote]
Lembro das viagens de carro com a minha família. Horas e horas de muitas conversas e muitos porquês. Não haviam, iPads, iPods, iNadas. Não haviam fones de ouvido individualizando a informação. Não havia o Google para dar respostas para todas as coisas. Éramos cinco perguntando ao mesmo tempo sobre várias coisas e papai e mamãe respondendo, uma a uma, todas as perguntas, todos os porquês. Os olhares se cruzavam, as mãos se tocavam, cantávamos juntos, brincávamos juntos, sorriamos juntos, momentos de muita criatividade, sensibilidade e amor. Não há nenhuma rede social que substitua esses momentos, que arrepia a pele e aquece o coração.
O amor é analógico, precisa de contato físico, de pegar, de abraçar, de beijar, da química que a internet não tem . O amor é presencial e o acariciar é indispensável não só para o amadurecimento e desenvolvimento do cérebro, como também para o equilíbrio emocional. A carícia remete a calma, a integração, a confiança e a bondade.
Apenas 10% da comunicação acontece pelas palavras, 30% se dá pela forma como se fala e 60% através dos gestos e da emoção. Isso os smartphones, os tabletes e os computadores não captam nem são capazes de transmitir. Não somos só dedos, olhos, bocas e ouvidos, temos mãos para afagar, braços para abraçar e coração e mente para sentir.
O amor se concretiza através de pensamentos, emoções, gestos e ações. O amor se expressa, no olhar, no falar, no ouvir, no cheirar, no acariciar, através de todos os sentidos. O amor se materializa na capacidade de felicitar o outro, de se sentir feliz ao fazer alguma coisa que traz a felicidade ao outro. Sentir-se amado significa ser importante para alguém.
Gary Chapman em “Cinco Linguagens do Amor”, sintetiza as maneiras das pessoas se sentirem amadas. Segundo ele, muitas pessoas sentem-se amadas quando recebem carinhos físicos, abraços, beijos e carícias. Outras quando são servidas, quando a outra pessoa faz coisas para ela. Outras quando são reconhecidas e valorizadas pelo que é e pelo que faz. Algumas, quando recebem presentes, independente do valor financeiro, mas pelo gesto. E, finalmente, outras pessoas sentem-se amadas, pela quantidade e qualidade do tempo dedicado a elas. Você já havia pensado nisso? Talvez, se tentar identificar qual, ou quais, desses comportamentos faz você se sentir amado e qual as características das pessoas que estão mais próximas de você, seja um caminho para exercitar a concretização do amor.
Na Bíblia tem uma definição fantástica de amor. “ O amor é benigno, é verdade. O amor não suspeita mal, não se irrita. O amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha e sem amor nada seríamos.”
O amor é incondicional. É a unidade na diversidade. É amar as pessoas e as coisas do jeito que são. Sem rótulos, sem julgamentos. Sem querer padronizar. Sem esperar respostas e comportamentos para nos satisfazer. É o amar pelo amar.
Se o amor é analógico, que tal destinarmos tempo real para amar e ensinar nossos filhos a amarem? A olhar nos olhos, a escutar com atenção, a acariciar, a sentir o outro, a rir e a brincar? A viver a vida em toda a sua plenitude, valorizando e agradecendo as pequenas e as grandes coisas? A se ligar ao amor e a energia universal?
A nossa capacidade de amar é infinita e é o que nos diferencia uns dos outros!
NILMAR GAVINO RUIZ
É professora, ex-secretária da educação, ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal. É co-autora da ARH – Auto Reprogramação Humana – e palestrante.
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