A secretária dos Povos Originários e Tradicionais do Tocantins, Narubia Werreria, admitiu em conversa com a Coluna do CT nesta quarta-feira, 31, que, apesar da votação do marco temporal ter sido “preocupante”, “não surpreende”. Além disto, a gestora fez questão de reforçar que os indígenas do Tocantins “se sentiram representados pelo deputado Ricardo Ayres (Republicanos), que fez um voto aguerrido”. O parlamentar foi o único tocantinense contra o texto.
OUTRAS FRENTES PARA BARRAR TESE
Apesar da frustração que foi a aprovação do marco temporal na Câmara, Narubia Werreria lista que outras frentes poderão barrar a tese. “Acreditamos que o presidente do Senado [Rodrigo Pacheco, UB] não terá urgência em passar o projeto, já que fez compromisso com a ministra Sônia Guajajara e com o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. O presidente [Lula da Silva, PT], acreditamos que não sancionará, e ainda temos o Supremo Tribunal Federal [STF], que julga caso que está entrelaçado com o marco temporal e que vai decidir pela inconstitucionalidade ou não da tese”, resume.
PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA
Além disso, a secretária estadual vê resistência da opinião pública sobre a tese. “Diante da mobilização do movimento indígena, mas não só, este caso está tendo uma repercussão onde a população brasileira, de uma forma geral, está acompanhando e pressionando bastante, além dos ambientalistas, apoiadores do movimento indígena, e ainda temos a comunidade internacional, que já está atenta a este caso e lembrando dos Yanomamis, ainda fresco na memória, e que vai pesar bastante”, pontua.
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