A semana final das campanhas eleitorais começa tensa com a Polícia se mostrando atenta como nunca a movimentações estranhas de recursos financeiros. Isso é bom, e claro que ninguém pode ser considerado culpado antes de tudo provado. De toda forma, o clima agora é de reta final mesmo. A principal questão que fazem à coluna é se os Parlamentos serão renovados. Como já escrevi em outra oportunidade, não acredito. Pelo menos não nessa proporção que se espera e que deveria.
Como o CT mostrou nessa segunda-feira, 1º, seis deputados estaduais e dois federais não concorrem à reeleição. Essa deve ser a proporção da renovação que deve sair das urnas do domingo, 7, talvez com uma ou outra surpresa, mas nada significativo.
[bs-quote quote=”O rompimento com essa estrutura viciada só será possível com uma reforma política de verdade, não os remendos que o Congresso tem feito. Voto distrital, por exemplo, é imprescindível” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A maioria dos candidatos de mandato deve ser reeleita. Eles levam vantagem na disputa por muito motivos. O primeiro é que são mais conhecidos pelo próprio do exercício da atividade parlamentar. Ganham mais espaço na mídia, e isso é um diferencial absurdamente significativo por si só.
Depois, o exercício do mandato garante ao deputado o prestígio em momentos importantes de sua base. Seja na conquista de obras ou na cobrança contra governos. De um jeito ou outro, na situação ou oposição, o parlamentar sempre terá um lugar de destaque e holofotes sobre ele.
Então vem elas também, as fatídicas e indigestas emendas parlamentares. São a isca mais eficaz para fisgar líderes — sobretudo os disputados prefeitos — para a base do deputado. Com as administrações municipais, quase todas, falidas, sem recursos federais e estaduais nenhum prefeito consegue fazer uma gestão minimamente satisfatória. Ainda mais num Estado onde a maioria mais do que absoluta dos municípios vive da mendicância governamental, via FPM, sem a capacidade de arrecadação sequer para o básico.
Na esteira disso, como a coluna tem insistido, neste modelo político tradicional do Estado, os líderes têm muito poder sobre a decisão do voto de sua base. Se o candidato tem o apoio deles, consegue se eleger. Daí porque a dificuldade de um iniciante conseguir o mandato. Sem esses caciques locais a serviço de uma candidatura fica muito difícil uma votação suficiente.
Por isso, a dificuldade extrema de o Estado conseguir a renovação política que grande parte da população tanto quer. O rompimento com essa estrutura viciada só será possível com uma reforma política de verdade, não os remendos que o Congresso tem feito. Voto distrital, por exemplo, é imprescindível. Com os votos possíveis limitados a uma região menor, seria mais fácil cobrar do mandatário durante o exercício do mandato e até facilitaria a fiscalização dos abusos cometidos em período eleitoral.
O problema é quem se beneficia de um sistema carcomido não tem interesse em mudar. De outro lado, temos uma sociedade que dá o mandato, mas não cobra, e ele vira uma propriedade particular usada para fazer negócios.
Ou seja, a falta de renovação é fruto de um sistema viciado e também de uma sociedade omissa no que diz respeito à atividade de seus representantes.
CT, Palmas, 2 de outubro de 2018.