Sou flamenguista de nascimento. Nasci no Rio, numa família flamenguista. Desde menina ia com meu pai ao Maracanã torcer pelo Flamengo. Casei com um fluminense, de uma família vascaína. Olha a confusão! Sempre ouvi dizer que futebol e religião não se discutem. Mas não é bem assim. Temos que aprender a “ engolir nossos sapinhos”, até porque assuntos conflituosos não são só esses, somos desafiados em quase todos os momentos.
Quantas situações na vida somos envolvidos em discussões acirradas? Quantas vezes lidamos com pessoas que não abrem mão do seu ponto de vista? Que se consideram os donos da verdade? Quantas vezes também somos intransigentes e queremos impor a nossa vontade e as nossas idéias?
[bs-quote quote=”O conjunto das crenças que foi formado a partir das vivências de cada um determina o modo peculiar de pensar e de sentir e o indivíduo age partindo do que aprendeu” style=”default” align=”right” author_name=”NILMAR RUIZ” author_job=”É escritora e palestrante” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/10/NilmarRuiz-180.jpg”][/bs-quote]
Isso acontece na nossa casa, com a nossa família, no ambiente de trabalho, com os nossos amigos e colegas e em quase todos os lugares. Somos pessoas diferentes, com experiências diferentes, com pensamentos diferentes… e diferentes pontos de vistas.
Coisas do tipo “ É melhor vomitar do que engolir sapo” , “Mais vale perder um amigo do que perder a piada”, “ Desaforo não se leva para casa” , “ Honra se lava com sangue”, “ Não deixe ninguém te passa para trás” , “ O que se tem de dizer, se diz na cara” , “ Homem não deixa a calça cair ”, “ Olho por olho dente por dente”e muitas outras mensagens que nos são repassadas no decorrer da vida reforçam em nós a falta de flexibilidade e a inabilidade em aceitar pontos de vistas diferentes. E nos impedem de lidar bem com as divergências e frustrações.
Então, como temperar os nossos sapos?
Se tivermos o entendimento de que cada um tem o seu ponto de vista e a sua verdade e que todos estão certos, de acordo com as suas convicções. Que o conjunto das crenças que foi formado a partir das vivências de cada um determina o modo peculiar de pensar e de sentir e que o indivíduo age partindo do que aprendeu, fica muito mais fácil aceitar a intransigência e a arrogância das outras pessoas e, também, reavaliar e deter os nossos impulsos.
Essa consciência nos faz respeitar mais a opinião do outro e ter mais compaixão com o nosso semelhante. Nos faz entender que cada um é do seu jeito, com seus defeitos e qualidades, que erramos e acertamos, que cada pessoa tem direito de fazer as suas escolhas e que não precisam ser iguais às nossas e nem concordarmos com elas. Reforça o sentimento que todos somos importantes dentro de um contexto maior, de acordo o grau de evolução de cada um. Estimula o não julgamento, o perdão e exalta o amor no estado em que cada um se encontra. Nos encoraja a aceitar e amar o outro do jeito que ele é, com seus pontos fracos e suas imperfeições.
Será que vale a pena comprar briga? Para quê? Que bem vai nos proporcionar? Será que não é melhor mudar de assunto? Reconhecer que são pontos de vista diferentes? Por que tentar provar que o nosso time é o melhor? Que temos a melhor solução? Que sabemos mais que o outro? Será que vale a pena querer sempre ter razão? Quantos desentendimentos, perturbação emocional e sofrimento poderíamos evitar!
A escolha é nossa. Viver leve e em paz centrados em nós mesmos, administrando nossos pensamentos, sentimentos e emoções, comandando a nossa vida e sendo o dono da nossa história ou vivendo como peixes emocionais, reagindo de acordo com os ambientes e os estímulos que estão à nossa volta?
O peixe é assim, seu metabolismo muda de acordo com a temperatura da água. Se está quente, ele come mais, respira menos e cresce mais. Do contrário, na água fria come menos e seu estado se modifica.
Vamos ser como peixes? Deixar que as circunstâncias ditem o nosso estado de humor, nos conduzam à situações conflitantes e nos envolvam em perturbação emocional?
Você quer ser feliz ou ter razão?
NILMAR GAVINO RUIZ
É professora, ex-secretária da educação, ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal. É co-autora da ARH – Auto Reprogramação Humana – e palestrante.
nilruiz@uol.com.br