Em quase todas as principais cidades do Estado, o número de pré-candidatos a prefeito é gigantesco. Meu amigo, parceiro e jornalista Zacarias Martins calcula 27 só em Gurupi. Em Paraíso são 11 que querem disputar com o atual vice-prefeito Celso Morais (MDB). Em Palmas vai muito além dos dez nomes. No entanto, todos os que querem ser, realmente, serão candidato? Obviamente, não.
São dois tipos de pré-candidato: aquele que efetivamente tem a intenção e grupo para pelo menos iniciar um trabalho para viabilizar em julho uma candidatura competitiva e há os que querem colocar o nome no holofote visando a Câmara ou, no máximo, uma vaga de vice-prefeito. Nessa última categoria está a maioria dos pré-candidatos.
[bs-quote quote=”Eleição de Executivo requer um grupo mais amplo, o que significa que o pré-candidato precisa somar a seus aliados outras forças políticas para se tornar efetivamente um nome competitivo” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
Claro, jamais admitirão isso. Respondem de forma convincente que serão candidatos e que “nada nem ninguém” os tira da corrida sucessória. Mas tudo não passa de teatralização.
Pré-candidato em condições de se consolidar na disputa tem, em primeiro lugar, um grupo. Não pode compor o bloco do “eu sozinho”, ou no máximo
“eu e mais um”. Qual segmento do pré-candidato? Essa classe encampa a pré-candidatura? Essa resposta é básica. Se não há um grupo por trás da pessoa, ou ela fantasia, ou atira no que vê para acertar o que os outros não veem.
Mas só o segmento apoiando também não basta. Eleição de Executivo requer um grupo mais amplo, o que significa que o pré-candidato precisa somar a seus aliados outras forças políticas para se tornar efetivamente um nome competitivo.
Diga-se: contar com esse grupo ampliado de forças é até mais importante do que as qualidades pessoais do próprio pré-candidato. Afinal, quantos já foram eleitos sem saber falar, com a Polícia Federal na cola, com situação eleitoral questionável, com governos passados fracassados, etc.? Mas por quê venceram? Por construirem uma musculatura tal — partidos e líderes de capilaridade — que se sobrepôs ao indivíduo com suas virtudes ou vícios. Isso é bom? Péssimo para a democracia e para a administração pública. Mas é assim.
Há muitos anos participei de um curso de marketing eleitoral com o grande Carlos Augusto Manhanelli e ele contava ter feito a campanha de um candidato a prefeito simplório que não sabia falar. Tímido e gago. O adversário, um orador nato. A solução foi fazer o sujeito aparecer na TV fazendo apenas o “V” da vitória, enquanto outra voz lia o texto. Nos palanques, os aliados discursavam e ele insistia no “V” da vitória. E venceu. Por quê? O grupo que construiu era muito maior do que ele.
Dessa forma, diante desse tsunami de pré-candidatos, o eleitor, para diferenciar quem será e de quem não será confirmado em julho, precisa ficar atento àquele que tem grupo e o que é folião do bloco do “eu sozinho”.
Já os pré-candidatos com um grupo e que querem realmente disputar precisarão convencer outros partidos e líderes de que têm algo a mais que os concorrentes não possuem e, por isso, podem derrotar os nomes oficiais com suas maravilhosas máquinas administrativas poderosas, que são também — goste-se ou não — máquinas eleitorais.
CT, Palmas, 31 de janeiro de 2020.