O governo do Tocantins nomeou na sexta-feira, 1º, Waxiy Maluá Karajá para comandar a Gerência de Educação Indígena da Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc). Karajá é o primeiro representante dos povos originários a ocupar o cargo. Ele, que é servidor de carreira da Seduc há quase 20 anos, assume a função de estabelecer um diálogo claro e efetivo entre a gestão estadual e os povos indígenas em busca de políticas públicas que beneficiem as escolas, alunos e professores nas aldeias espalhadas pelo Tocantins.
Ao todo, a rede estadual de ensino do Estado mais novo da nação conta com 108 escolas que oferecem educação indígena para mais de 6 mil alunos. Para que não haja perdas culturais, essas unidades de ensino contam com um currículo específico, diferenciado, intercultural, bilíngue/multilíngue voltado para as oito etnias indígenas registradas no Tocantins.
É neste cenário de diversidade cultural e de demandas específicas que o novo gerente de Educação Indígena da Seduc irá atuar. Os desafios são grandes, mas a disposição de trabalhar em benefício da educação dos povos indígenas é maior, segundo Waxiy Karajá. “Eu penso que todos devemos nos juntar para recuperar a confiança dos povos indígenas na gerência. Precisamos promover uma conscientização para que as nações indígenas reconheçam seus direitos, seus deveres e os limites da atuação da Secretaria”, pontuou.
A fala do gerente aponta o norte para onde sua gestão deve seguir. Conhecedor das demandas do setor, Waxiy já ocupou uma cadeira no Conselho Estadual de Educação Indígena, criado pioneiramente no Tocantins em 2005, e já atuou como técnico na gerência que agora assume. “Já participei de diversos eventos e encontros e nós precisamos nos aproximar de parceiros como o Conselho de Educação Indígena e a Funai (Fundação Nacional do Índio). O primeiro passo é fazer um levantamento da situação na gerência e trabalhar em equipe”, disse.
O levantamento de informações sobre a educação indígena no âmbito da Seduc é um primeiro passo que precisa ser dado. De acordo com o subsecretário de Educação, Robson Vila Nova, é preciso mapear as ações que estão em andamento e separar o que for, realmente, de competência da Secretaria. “Precisamos descentralizar as ações e definir o que é competência da Seduc. Termos uma pessoa como o Waxiy à frente da Gerência de Educação Indígena é uma conquista de toda a Seduc e empodera não somente o setor, mas toda a Secretaria e o Estado”, completou.
Primeira ação
Durante reunião com a secretária Adriana Aguiar, uma primeira ação pontual já foi discutida visando não somente a educação dos povos indígenas. Na ocasião, a secretária propôs o estudo para a criação de um comitê intersetorial para combater os altos índices de suicídio entre os indígenas tocantinenses. “Precisamos chamar outras secretarias e instituições parceiras para fazer parte desta ação. É uma demanda antiga e muito séria que precisamos discutir e traçar um planejamento para atuarmos de forma eficaz”, ponderou.
Adriana Aguiar concordou com o subsecretário e também destacou que a Seduc é quem mais ganha com a nomeação de um representante indígena na Gerência. “O Waxiy aqui será nossa ponte direta com as comunidades indígenas. Ele possui experiência técnica e conhecimento dos povos indígenas para desenvolver o trabalho”, destacou. (Com informações da ascom da Seduc)