A pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Palmas (CDL) que mostrou que a crise da pandemia do novo coronavírus já está na porta da Capital assustou todo mundo. Não é para menos: 56,5% das empresas entrevistadas não têm condições financeiras de pagar os funcionários já este mês, como consequência das medidas de restrições por conta dos decretos municipais e estadual para prevenção; 60,2% delas pretendem demitir nos próximos dias e a expectativa é de que cerca de 32 mil pessoas fiquem desempregadas. Números terríveis.
[bs-quote quote=”Bolsonaro sabe que a crise econômica virá, será profunda e provocará muito estrago. Contudo, ao invés de agir como líder da Nação e apresentar um pacote forte de medidas de mitigação faz uso político, dá uma de profeta do apocalipse” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
A profunda crise econômica imposta pelas medidas de contenção da Covid-19, que pode ser mais que uma recessão, mas uma depressão, é esperada por todos os especialistas de mercado. No entanto, existe a necessidade de se preservar a vida de milhões de pessoas. Se ficarmos em casa, sobreviveremos, mas perderemos empregos e empresas. Se formos trabalhar, vidas estarão em risco. Como fazer? Este é o grande dilema que vivem as autoridades neste momento.
Os empresários querem a volta de setores específicos, adaptando as atividades às recomendações de prevenção e, além disso, a isenção de tributos no período da crise. Nada mais justa esta isenção e é importante que municípios, Estado e profissionais de saúde estudem essa possibilidade de retomada pontual de alguns segmentos para amenizar os impactos.
No entanto, essas medidas não serão suficientes para conter os estragos que as restrições para evitar a disseminação da doença causarão na economia. É fundamental a ação do governo federal, que precisa apresentar um plano grande de mitigação, o que significa dizer que não dá para a União se preocupar, diante de uma crise acima de tudo humanitária, com equilíbrio fiscal. O mundo está deixando a ortodoxia econômica de lado. Não há outro caminho para salvar vidas nas duas vias: pelas restrições sanitárias e pelo socorro a empresas e trabalhadores.
Inclusive, diga-se, o presidente Jair Bolsonaro sabe, como todo o mundo, que a crise econômica virá, será profunda e provocará muito estrago. Contudo, ao invés de agir como líder da Nação e apresentar um pacote forte de medidas de mitigação, como já ocorre outros países, faz uso político, dá uma de profeta do apocalipse para num curto prazo jogar os efeitos deletérios da contenção do vírus no colo de governadores e prefeitos, que estão agindo com muita responsabilidade, ao contrário dele. Ou seja, é um grandessíssimo oportunista.
De toda forma, com a crise já batendo em nossas portas, governo federal e Congresso precisam oferecer para ontem essa mitigação aos efeitos do interrupção das atividades econômicas. Relembrando o resultado da pesquisa da CDL Palmas: mais de metade das empresas não terão condições financeiras de pagar seus trabalhadores já este mês.
CT, Palmas, 26 de março de 2020.